Nas engrenagens da Anaconda

Começa hoje (7 de junho), na Polônia, a Anakonda 16, “a maior manobra militar aliada deste ano”: participam mais de 25 mil hommes de 19 países da Otan (entre estes Etados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Turquia) e de 6 parceiros (1): Geórgia, Ucrânia e Kossovo (reconhecido como Estado), de fato já na Otan sob comando dos Estados Unidos; Macedônia, que não está ainda na Otan apenas devido à oposição da Grécia sobre a questão do nome do país (o mesmo de uma das províncias gregas, que a Macedônia poderia reivindicar); Suécia e Finlândia, que se aproximam cada vez mais da Otan (elas participaram em maio na reunião dos ministros das Relações Exteriores da Aliança).

Formalmente a manobra está sob a condução polonesa (daí o “k” no nome), para satisfazer o orgulho nacional de Varsóvia. Na realidade, está sob comando do US Army Europe que, como “área de responsabilidade” abrange 51 países (incluindo toda a Rússia), tendo por missão oficial “promover os interesses estratégicos americanos na Europa e Eurásia”. Cada ano esse exército efetua mil operações militares em mais de 40 países da área.

O US Army Europe participa na manobra com 18 de suas unidades, entre as quais a 173ª Brigada aerotransportada de Vicenza. A Anakonda 16, que se desenvolve até 17 de junho, é claramente dirigida contra a Rússia. A manobra prevê “missões de assalto de forças multinacionais aerotransportadas” e outras incluindo a área do Mar Báltico na fronteira do território russo.

Na véspera da Anakonda 16, Varsóvia anunciou que em 2017 aumentará as forças armadas polonesas de 100 a 150 mil homens, constituindo uma força paramilitar de 35 mil homens denominada “força de defesa territorial”. Distribuída em todas as províncias, a começar pelas orientais, ela terá como missão “impedir a Rússia de controlar o território polonês, como ela fez na Ucrânia”.

Os membros da nova força, que receberão um salário mensal, serão treinados, a partir de setembro, por instrutores estadunidenses e da Otan segundo o modelo adotado na Ucrânia, onde treinam a Guarda Nacional incluindo os batalhões neonazistas. A associação paramilitar polonesa Strzelec, que com mais de 10 mil homens constituirá o ponto nevrálgico da nova força, já começou seu treinamento participando na Anakonda 16. A constituição da força paramilitar, que no plano interno fornece ao presidente Andrzej Duda um novo instrumento para reprimir a oposição, participa no aumento do poderio militar da Polônia, com um custo previsto de 34 bilhões de dólares, de agora até 2022, sob o encorajamento dos Estados Unidos e da Otan com finalidades antirrussas.

Os trabalhos já começaram para instalar na Polônia uma bateria terrestre de mísseis do sistema estadunidense Aegis, semelhante ao que já está em funcionamento na Romênia, que pode lançar tanto mísseis interceptadores como mísseis de ataque nuclear. Aguardando a cúpula da Otan de Varsóvia (8 e 9 de julho), que oficializará a escalada anti-Rússia, o Pentágono se prepara para deslocar para a Europa uma brigada de combate de cinco mil homens que se movimentará entre a Polônia e os países bálticos.

Ao mesmo tempo, intensificam-se as manobras militares dos EUA/Otan dirigidas contra a Rússia: em 5 de junho, dois dias antes da Anakonda 16, começou no Mar Báltico a Baltops 16, com 6.100 militares, 45 navios e 60 aviões de guerra de 17 países (inclusive a Itália) sob o comando dos EUA. Nela participam também bombardeiros estratégicos estadunidenses B-52. A cerca de 100 milhas do território russo de Kalingrado.

É uma escalada ulterior da estratégia de tensão, que a Europa impulsiona para uma confrontação não menos perigosa que a da guerra fria. Sob o silêncio politico-midiático das “grandes democracias” ocidentais.

Manlio Dinucci

Artigo em italiano :

http://ilmanifesto.info/nelle-spire-dellanaconda/

 Tradução de José Reinaldo Carvalho, para Resistência


Articles by: Manlio Dinucci

About the author:

Manlio Dinucci est géographe et journaliste. Il a une chronique hebdomadaire “L’art de la guerre” au quotidien italien il manifesto. Parmi ses derniers livres: Geocommunity (en trois tomes) Ed. Zanichelli 2013; Geolaboratorio, Ed. Zanichelli 2014;Se dici guerra…, Ed. Kappa Vu 2014.

Disclaimer: The contents of this article are of sole responsibility of the author(s). The Centre for Research on Globalization will not be responsible for any inaccurate or incorrect statement in this article. The Centre of Research on Globalization grants permission to cross-post Global Research articles on community internet sites as long the source and copyright are acknowledged together with a hyperlink to the original Global Research article. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: [email protected]

www.globalresearch.ca contains copyrighted material the use of which has not always been specifically authorized by the copyright owner. We are making such material available to our readers under the provisions of "fair use" in an effort to advance a better understanding of political, economic and social issues. The material on this site is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving it for research and educational purposes. If you wish to use copyrighted material for purposes other than "fair use" you must request permission from the copyright owner.

For media inquiries: [email protected]