Síria : Qual será a próxima depois do fiasco dos Estados Unidos em Geneva II ?

Só se sucede através da verdade ! [Charles de Gaulle]

A administração dos Estados Unidos tinha pensado que seus truques, maquinados por detrás das cenas em Geneva II, levariam inevitávelmente que a Síria caisse na armadilha que tinham armado para ela e seu axel de resistência. Essa tinha sido preparada  para que pudessem obter seus objetivos, já fixados desde que lançaram sua agressão contra a Síria, a três anos.

Tem-se que a Síria poderia aceitar todas as exigências, entregando-se frente a todas as agressões, ou se recusar a submissão. Em qualquer desses casos a delegação síria seria obrigada a suspender as negociações e se retirar de Geneva. Seria então uma suspensão unilateral, a qual iria permitir aos Estados Unidos de pôr a responsabilidade do « fracasso do programa de negociações » nas costas da Síria. [1]. Iriam depois dizer também que o diálogo tinha se mostrado inútil para uma solução pacífica. Sobretudo aqui iriam poder se dirigir ao Conselho de Segurança para impor contra a Síria  uma resolução baseada no Capítulo VII, da Carta da ONU. Resolução essa que os Estados Unidos tentam obter a mais de dois anos, apesar do obstáculo de três dublos vetos sino-russos.

A retirada unilateral da Síria tinha sido o cenário planejado pela administração dos Estados Unidos, que entretanto não tinha levado em conta a determinação, e a capacidade da diplomacia da mesma em transformar esse desafio em uma oportunidade para se beneficiar do diálogo nacional e da solução política, que ela defendeu até o fim. Ela nunca caiu nas armadilhas preparadas contra ela. Armadilhas essas  que estavam muito bem camufladas mas que sofriam da falta de tato, o que se pode ver claramente no que diz respeito aos participantes convidados, ou não, à Conferência de Geneva II…  A delegação síria simplesmente respondeu a altura da situação : « Nós não nos retiraremos dessa negociação mesmo que o Sr. Brahimi, ele mesmo, se decidia a  retirada…  » ou ainda   « Nós estamos prontos a negociar até quando as portas se mantiverem abertas… »

A delegação da República Árabe da Síria se manteve fiél as suas constantes nacionais, dentro da lógica da soberanidade das nações, e os inalienáveis direitos do povo sírio. Quaisquer que fossem as equações regionais e internacionais do momento., a Síria se recusou a dar na mesa de negociações aquilo que os Estados Unidos, e seus aliados, não tinham conseguido pela guerra… Ela se pôs diplomaticamente de través no caminho no qual os Estados Unidos pretendiam se apoiar para derrotá-la em Geneva II.

Agora que as luzes se apagaram, como disse então o Sr. M. Lakhdar Brahimi, cada delegação retornou as suas casas. Isso significa que a delegação da República Árabe da Síria retornou a Damasco, enquanto a delegação da Coalisão retornou aos seus patrões, donos do capital estrangeiro, tanto ocidentuais como regionais… O Sr. Lakhdar Brahimi já agora apresentou suas desculpas ao povo sírio por não ter conseguido realizar o necessário para lhes poder consolar. [2] … A grande questão aqui é  : Qual será o comportamento de Washington frente a esse fracasso ? Não estiveram eles a declarar, com todas as nuances da arrogância, que eles iriam por força nas pressões sobre a Síria para faze-la ceder? Eles não deixaram a entender que iriam prosseguir com suas agressões?

Antes de responder a essa questão gostaríamos de dizer que se os Estados Unidos premeditadamente fizeram com que a Conferência de Geneva II fracassasse, a delegação da Síria não pode ser vista como culpada do fracasso. Por sua tenacidade essa delegação desmascarou os seus inimigos, obrigando-os a suspender as suas minadas negociações, conduzindo-os a um impasse, e em alcançando que eles procurassem uma saída…

Mas voltando a nossa questão : Como pretendem os Estados Unidos exercer sua pensada pressão frente ao seu fiasco em Geneva II?  Dentro do contexto regional e internacional nós vemos aqui três possibilidades :

1. Extensão das operações militares, precedidas por treino dos grupos suplementares no estrangeiro antes desses serem mandados a Síria.

Dentro desse cenário eles tem esperanças de penetrar uma das linhas de defesa da Síria. O objetivo seria então o de « restabelecer o equilíbrio de forças no terreno »… Nesse ponto parece que os Estados Unidos escolheram o concentrar seus esforços na frente sul, para lançar a sua agressão do território da Jordânia ; os campos de treinamento dos terroristas, lá colocados através dos cuidados dos Estados Unidos,  com a participação de países europeus, assim como de estados do Golfo, e de Israel, estão agora operacionais.

Muitas infromações falam de 2.500 homens equipados com armas modernas anti-aéreas e anti-tanques. Dentro das duas próximas semanas, esse número poderá subir a 4. 000 homens. Eles deverão prosseguir ao norte com o objetivo de alcançar os subúrbios de Damasco, a fim de lá encontrar 5.000 outros combatentes armados, já presentes no território sírio, e prontos a uma operação militar coordenada por seus comandantes ocidentais ;  essa operação é suposta de poder exercer uma pressão suficiente sobre o governo de Damasco, que deveria então ter que abdicar !

Esse é o plano que os Estados Unidos querem por em ação, de uma maneira ou de outra, num contexto de guerra psicológica adotada depois do começo da agressão. Mas quais säo as chances de sucesso desse plano?

Nós objetivamente acreditamos que esse plano é destinado ao fracasso. Isso então sendo por razões políticas, estratégicas e populares. A capacidade das forças sírias de absorver essa invasão e de a demolir, assim como a imunidade do governo sírio contra todas as formas de pressão desse tipo, mais a vontade popular que já atingiu um alto nível de consciência e que se refusa a aceitar a presença de combatentes estrangeiros em seu solo… nos leva a acreditar que esse plano é destinado ao fracasso.

2. Retorno a Assembléia das Nações Unidas para votar sobre um projeto de resolução com referência ao Capítulo VII, a qual autoriza o uso de força como a do cenário líbio.

Essa tentativa não é uma simples hipótese. Ela corresponde a uma real determinação,  em vista das posições adotadas pelas marionetes árabes, e européias, que dansam ao rítmo da orquestração dos Estados Unidos. Em efeito, logo que pudemos registrar o fracasso dos Estados Unidos na Conferência Geneva II, a Assembléia da ONU se meteu na arena de projetos, os quais teriam ao fim e ao cabo o cenário da força, apesar das eternas camuflagens de intervenção humanitária.

Da nossa perspectiva, uma só que seja dessas tentativas será uma tentativa demais. Essa será então, de qualquer maneira, rechaçada pelo dublo veto sino-russo, no Conselho de Segurança… Além disso, como todos já sabem, as decisões da ONU não são obrigatórias.  Nesse caso elas se mostram como o que em inglês se nomearia como  « wishiful thinking  » ou seja, desejos da fantasia. As decisões da ONU não mudarão em nada a realidade do que se passa no terreno !

3. Recorrendo as misturas de pressões militares, políticas, econômicas e psicológicas.

Percebe-se que esses tipos de pressões compostas serão iniciadas depois da colocação da responsabilidade do fracasso de Geneva II  nas costas do governo sírio. Com essa pretensão se convidaria então o povo sírio, e os demais países, a condenar moral- economica, assim como politicamente o governo sírio. Está claro que a administração dos Estados Unidos vem trabalhando ativamente essa opção desde as primeiras horas que se seguiram a suspensão das negociações de Geneva.

Mas, nós pensamos que essa opção, que tenta por em reprise o curso dos últimos três anos, não terá nenhuma chance de êxito.

Afinal, se bem que todas essas modalidades de agressão contra a Síria sejam muito reais, e se bem que estejamos convencidos de que elas não desembocarão em concretizar os desejos dos Estados Unidos, nós pensamos que o próximo mês será uma etapa delicada, em mais de um nível. Todos os meios serão utilizados para uma escalada da pressão militar, política, econômica e psicológica. A Síria deveria ficar em estado de vigilância máxima, frente a essa guerra que começa o culminar de sua ultima etapa. Nós acreditamos que seus, relativamente as circunstâncias, acumulados sucessos, em mais de uma maneira lhes oferecem a possibilidade de ganhar essa« guerra defensiva » !

Dr. Amim Hoteit

17/02/2014

Artigo original : Al-Thawra / Syrie : http://thawra.alwehda.gov.sy/_print_veiw.asp?FileName=3735652120140217022646

Artigo traduzido do arabe por Mouna Alno-Nakhal para Mondialisation.ca

Tradução do francês : Anna Malm – http://artigospoliticos.wordpress.com

 

Notas :

[1] Genève 2 : Fabius accuse les autorités syriennes de l’échec… [Hague aussi !]

http://french.ruvr.ru/news/2014_02_15/Geneve-2-MAE-francais-a-accuse-les-autorites-syriennes-de-l-echec-1059/

http://lci.tf1.fr/monde/moyen-orient/syrie-echec-des-negociations-a-geneve-fabius-condamne-l-attitude-8365949.html

[2] Syrie : échec total des négociations de «Genève II», Brahimi «désolé»… [etc. etc.]

 

http://www.rfi.fr/moyen-orient/20140216-syrie-echec-total-negociations-geneve-ii-brahimi-desole-onu-refugies-/

 

 

 

 

 


Articles by: Amin Hoteit

Disclaimer: The contents of this article are of sole responsibility of the author(s). The Centre for Research on Globalization will not be responsible for any inaccurate or incorrect statement in this article. The Centre of Research on Globalization grants permission to cross-post Global Research articles on community internet sites as long the source and copyright are acknowledged together with a hyperlink to the original Global Research article. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: [email protected]

www.globalresearch.ca contains copyrighted material the use of which has not always been specifically authorized by the copyright owner. We are making such material available to our readers under the provisions of "fair use" in an effort to advance a better understanding of political, economic and social issues. The material on this site is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving it for research and educational purposes. If you wish to use copyrighted material for purposes other than "fair use" you must request permission from the copyright owner.

For media inquiries: [email protected]