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Relembrar Rachel Corrie
By Stephen Lendman
Global Research, March 25, 2013

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A Rachel representou o melhor do ativismo corajoso. Ela colocou o seu corpo na linha da frente pela justiça. Ela fê-lo porque é importante. Ela partiu, mas não está esquecida.

Há 10 anos atrás, no dia 16 de março, um operador de buldózer israelita assassinou-a a sangue frio. Ela tentava travar a demolição de casas dum campo de refugiados de nome Rafah.

Testemunhas oculares dizem que ela subiu para cima de uma máquina Caterpillar gigante. Estas máquinas são projetadas para destruir casas. São armas de destruição em massa. A Caterpillar é cúmplice nos crimes de guerra israelitas.

A Rachel falou com o operador. Ela desceu e ajoelhou-se cerca de dez a vinte metros à frente da máquina, bloqueando assim o seu caminho com o corpo. Ela estava bem à vista do operador.

A máquina avançou para a frente. Os ativistas gritaram para ele parar, mas o soldado-operador acelerou e esmagou a Rachel causando assim a sua morte.

Ele passou-lhe por cima duas vezes. Ele não foi responsabilizado pelo ato até hoje. A família da Rachel quer justiça, assim como todos.

A Fundação Rachel Corrie para a Paz e Justiça (RCFPJ, sigla em inglês) tem como função e como princípios orientadores:

A Fundação continua o que a Rachel começou. Reflete “a sua visão, espirito, e energia criativa…”

Apoia a “construção de entendimento, respeito, apreço pela diferença e isto promove a cooperação com e entre comunidades locais e globais”.

“A fundação incentiva e apoia os esforços de base em busca dos direitos humanos e da justiça social, económica e ambiental, o que vemos como pré-requisitos para a paz mundial “.

Os princípios orientadores incluem:

  • Desafiar a injustiça e resistir à opressão;
  • Ensinar a justiça e competências para construir a paz;
  • Avançar com “direitos humanos e com a justiça social, económica e ambiental para todos…”;
  • Procurar formar criativas de alcançar estas metas;
  • Comprometer-se com as pessoas e com os lugares como a Rachel fez em vida, especialmente com os mais desfavorecidos e oprimidos.

A Rachel tinha 23 anos quando foi assassinado. Ela acreditava na ação direta não violenta. Ela apoiou os palestinianos oprimidos. Esta tornou-se a luta da sua vida. Ela fez o que era certo. Sacrificou-se!

Com a sua própria boca ela disse:

“Eu estou aqui pelas crianças.

Eu estou aqui porque me importo.

Eu estou aqui por há crianças a sofrer em todas as esquinas e porque 40 mil pessoas morrem todos os dias de fome.

Eu estou aqui porque a maioria dos que morrem de fome são crianças.

Nós temos que entender que eles sonham os nossos sonhos e nós sonhámos os deles.

Nós temos que entender que eles são nós e nós somos eles.

O meu sonho é acabar com a fome no ano 2000.

O meu sonho é dar uma hipótese aos pobres.

O meu sonho é  salvar as quarenta mil pessoas que morrem todos os dias de fome.

O meu sonho pode e irá tornar-se realidade se todos nós olharmos para o futuro e virmos a luz que lá brilha.

Se ignorarmos a fome, essa luz irá apagar-se.

Se todos contribuirmos e trabalharmos em conjunto a luz irá crescer e arder livremente com o potencial do futuro.”

A sua dedicação e humildade estavam patentes nos seus comentários, “eu não posso ser Picasso. Eu não posso ser Jesus. Eu não posso salvar o planeta sozinha. Eu posso lavar a louça”.

Cindy e Craig, que são os pais de Rachel, continuam na luta pela justiça. Uma justiça que muito tempo lhes é negada.

A 16 de março eles agradeceram a todos pelo apoio. Por todo o mundo, observadores e ativistas relembraram a Rachel.

Eles relembraram-na na Argentina, Canadá, França, Itália, Malásia, Escócia, Turquia, Palestina ocupada e noutros lugares.

A Rachel era uma voluntária do Movimento Internacional de Solidariedade (ISM, sigla em inglês). A 16 de março o ISM relembrou a sua coragem e citou-a:

“Eu sinto-me como uma testemunha que assiste à destruição sistemática da capacidade de um povo para sobreviver. É horrível.”

“Às vezes sento-me para jantar com algumas pessoas e sinto que há uma gigantesca máquina militar a rondar-nos tentando matar as pessoas com quem estou a jantar.”

Ela (Rachel) é relembrada com amor, as novas gerações não a vão esquecer. Ela simboliza o que está certo. Ela inspira outros a continuarem a sua luta.

Phan Nguyen, um contribuidor da Mondoweiss, relembrou a Rachel. A 16 de março de 2003 ele estava em casa quando ouviu o que se passou. Disseram-lhe: “A Rachel morreu”.

Ela tinha viajado para Rafah. Ela fê-lo para marcar a diferença. Ela tinha formação da ISM, estava preparada para o inesperado. Morreu dois meses depois de ter chegado num acontecimento a que as autoridades israelitas chamaram de “acidente”.

Um tribunal israelita disse:

“Está claro que a morte de menina Corrie não foi resultante de uma ação direta do operador do bulldozer ou pelo seu avanço sobre ela”

“(Ela) não foi atropelada por um veículo de engenharia, mas sim atingida por um objeto rígido, muito provavelmente uma laje, que terá deslizado quando se moveu o monte de terra em que ela estava atrás”

Testemunhas oculares disseram o contrário. Disseram que foi assassinato a sangue frio. A Rachel era uma ativista comprometida, era uma dirigente do movimento antiguerra. Israel e os principais meios de comunicação culparam-na pela sua própria morte. Eles fizeram-no de forma cínica e maliciosa.

Eles alegaram que ela fornecia material aos terroristas.

Ela colocou a sua vida em perigo porque a causa era importante.

No décimo aniversário da sua morte os seus pais pediram uma “investigação completa, credível e transparente”.

Eles querem o fim do apoio militar, politico e económico por parte dos EUA. Eles querem verdade e justiça para “todos os civis que foram mortos ou mutilados por armas financiadas pelos EUA”.

A crueldade israelita é política e a ocupação escabrosa reflete isso mesmo. Obama apoia os piores crimes de Israel. Assim como quase todos os congressistas.

Nada sugere que haja uma mudança. A luta pela justiça continua, fazemo-la inabaláveis. A Rachel perdeu a sua vida a lutar. Ativistas com espírito continuam a arriscar a deles. Libertar a Palestina é importante.

Stephan Lendman

 

Stephen Lendman vive em Chicago e pode ser contactado através de [email protected]

O seu novo livro intitulado “Banker Occupation: Waging Financial War on Humanity.” http://www.claritypress.com/LendmanII.html

Pode ainda visitar o seu blog em sjlendman.blogspot.com. 

 

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 Texto em inglês : http://www.globalresearch.ca/remembering-rachel-corrie/5327457

Traduzido para português por Filipe T. Moreira

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