O emergir de mobilizações relâmpagos e anti-governamentais: Primeiro a Ukraina, Agora a Venezuela

Certas coisas que se deve saber a respeito das manifestações na Venezuela

A oposição apoiada pelos Estados Unidos se inspira nas manifestações anti-governamentais se desenrolando do outro lado do oceano Atlântico, na Ucraina. Como não conseguiram ganhar nenhuma eleição na Venezuela que lhes pudesse dar  um mandato popular pela parte da maioria da população no decorrer dos últimos anos, os líderes da oposição vieram a recorrer a todas as táticas das chamadas revoluções coloridas, e a uma estratégia de perturbação dentro do mesmo estilo que na Ucraina. O objetivo desses líderes da oposição na Venezuela é de galvanizar os manifestantes anti-governamentais, e criar uma crise política em Caracas. Os principais líderes da oposição trabalham para incitar os manifestantes a agirem a fim de derrubar o governo venezuelano.

Os líderes da oposição, e seus patrocinadores estrangeiros, se servem do pretexto da inquietude, de inegáveis taxas de criminalidade, da corrupção política, e dos problemas econômicos da Venezuela, como camuflagem para o que parece ser essencialmente uma tentativa de golpe de estado. As preocupações sócio-econômicas de um segmento da população são utilizadas para legitimar as ações de violência de rua com a intenção de derrubar o governo.

É irônico que muitos dos que se opõem ao governo venezuelano, em nome da democracia, da igualdade e da segurança, participaram antigamente em governos autocráticos e corruptos, antes da era de Chavez. Há aqui perda de memória e hipocrisia flagrante. Quando as mesmas oligarquias, que recrutam e financiam a oposição venezuelana, e que apoiam e incitam a manifestações antigovernamentais estavam no poder na Venezuela, a corrupção era rampante, as taxas de pobreza eram muito mais elevadas, assim também como a inflação. A Venezuela não era nem mesmo uma democracia funcional.

Apesar do mandato popular do partido no poder na Venezuela, o que inclue o ter ganho a maior parte das eleições municipais do país nas eleições de 2013,  a oposição, apoiada pelos Estados Unidos na Venezuela, quer se utilizar de “flashmobs” para derrubar o governo, e tomar o poder no país. Dos 337 presidentes das Câmaras Municipais eleitos em 2013 , a contagem final dava 256 postos de presidência da câmara ao partido no poder, e as suas coalisões de forças políticas pro governamentais. Isso se mostra uma vitória a altura de 76% do eleitorado nas municipalidades do país sulamericano, o que confirma que a maioria da população apoia o partido atualmente no poder na Venezuela, assim então como seus aliados políticos.

Apesar de suas falhas e deficiências o Partido Socialista Unido da Venezuela, e seus aliados políticos dispõem de um dos mandatos mais democráticos do mundo. Em termos de comparação, quanto a eleições justas, o governo de Caracas tem muito mais legalidade democrática do que governos de países como a Grã-Bretanha, o Canadá, a França e os Estados Unidos, que se auto-determinam como os campeões e modelos da democracia. Cada vez que questões constitucionais do país, ou outras importantes questões relatadas a estrutura política da Venezuela estiveram sendo consideradas,o governo constitucional deixou que o eleitorado tomasse suas decisões através de referenduns populares.

De 1999, de quando a era de Chavez começou em Venezuela, até 2014 houveram seis referendos relacionados a constituição do país, assim como as estruturas sindicais, e até mesmo uma moção da oposição para destituir o Presidente Hugo Chavez, através de um referendo revocatório, caso se mostrassem parcialidades no escrutínio eleitoral. Quatro eleições presidenciais, quatro eleições parlamentares para a Assembléia Nacioal, e quatro eleições regionais para os governos dos estados e as legislaturas da região também se realizaram. A eleição de Nicolas Maduro como presidente, em abril de 2013, poucos meses depois de Hugo Chavez ter ganho as eleições presidenciais, em outubro de 2012, veio  reafirmar o apoio, assim como a confiança que mais da metade da população tem para o governo. Ainda mais, não só houveram quatro eleições a nível municipal, mas os assistentes adjuntos também começaram a ser democraticamente eleitos através das urnas, em vez de serem nomeados; Eram os líderes da oposição, apoiados pelos Estados Unidos, os que preferiam nomear os líderes adjuntos municipais fora do processo eleitoral, em vez de deixar o povo decidir por si mesmos, através do voto.

A oposição venezuelana é antidemocrática

O que a oposição na Venezuela, apoiada pelos Estados Unidos, tem tentado fazer é pegar o poder fora do processo eleitoral. Eles não se importam com a democracia ou o que a maioria dos cidadãos venezuelanos desejem. Quando os principais líderes da oposição não conseguiram obter o apoio popular, ou ganhar nas urnas eleitorais, eles começaram a usar o engano e todas as opções possíveis para se apossar desse país sulamericano. Isso inclui o uso da força, a incitação a violência, as tentativas de golpe, as intensas campanhas de propaganda, e a contínua conivência fraudulenta com o governo dos Estados Unidos, assim como deliberadas flutuações de preços.

Os líderes das manifestações anti-governamentais de 2014, são os mesmos principais líderes da oposição que apoiaram, e colaboraram com o golpe de 2002, executado pos um pequeno círculo de oficiais das forças armadas, coordenado pela Embaixada dos Estados Unidos na Venezuela, e o embaixador dos mesmos, Charles Shapiro. Se bem que os Estados Unidos tenham negado qualquer implicação, o embaixador Shapiro foi rapidamente congratular os lideres do golpe e mesmo alegremente deixou-se fotografar com eles. Isso depois dos militares terem sequestrado o Presidente Chavez. Pelo acesso aos documentos do governo federal dos Estados Unidos, através da FOIA ( Freedom of Information Act, lei sobre a liberdade de informação, ndt ), foi posto fora de dúvidas que a CIA tinha até recebido os planos da conspiração do golpe cinco dias antes que a oposição venezuelana lançasse sua ilegal, e breve, conquista do poder.

Desde esse dia os principais líderes da oposição continuam a mentir desavergonhadamente.Paradoxicalmente eles também foram os maiores beneficiários de muitos dos mecanismos democráticos e de recursos políticos e jurídicos criados por Hugo Chavez como um meio de aumentar a participação democrática, e os canais de poder, para as pessoas e das formas de oposição democrática contra o governo. Os principais líderes da oposição utilizaram uma dessas vias de recursos contra o governo em 2004, em requerendo a destituição do Presidente Chavez, o que desenbocou num referendo nacional.

Todavia a direção da oposição se recusou a reconhecer os resultados eleitorais do referendo de 2004, referendo esse que eles mesmo tinham iniciado, para destituir Chavez através de anular os resultados dos votos, aludindo a uma parcialidade, e isso simplesmente porque os resultados não refletiam seus desejos.

Durante esse referendo de 2004, os principais dirigentes da oposição até tentaram manipular os eleitores venezuelanos e de criar uma crisa política através de uma gravação adulterada, ilegal, a fim de desacreditar o governo e acusar Chavez de fraude. O argumento deles era falacioso porque a gravação era uma paródia, que tinha circulado por meses precedendo a eleição. A direção da oposição a tinha usado  muito simplesmente como uma desculpa por acusar fraude, e deligitimizar o referendo no seu conjunto, assim como então o governo venezuelano.

Os membros dessa mesma oposição boicotaram as eleições parlamentares de 2005, depois de terem criado uma crise eleitoral antes das votações. O Conselho Eleitoral da Venezuela queria utilizar escáneres de impressão digital para assegurar o registro dos eleitores, mas a oposição venezuelana se recusou de participar se isso se realizasse. Uma das razões para usar os escáneres de impressão digital seria a de reduzir a fraude, ou as tentativas de fraude, durante as eleições. Depois que o Conselho Eleitoral Nacional renunciou a decisão de instalar os escáneres, os principais partidos da oposição, de qualquer maneira, boicotaram as eleições parlamentares de 2005, e continuaram a tentar deligitimizar o governo venezuelano.

Esses mesmos líderes da oposição tentaram utilizar a tecnologia em seus esforços para manipular a lei, para de um lado tomar o poder, e de outro conseguir semear discórdia entre o governo e seus aliados. Quando o Presidente Chavez ficou doente e depois veio a falecer, as forças principais da oposição tentaram de se servir de pretextos constitucionais, sob o Artigo 233 da Constituição venezuelana, para que o  presidente da Assembléia Nacional, Diosdalo Cabello assumisse a presidência, por interím. Eles tinham aqui a esperança de criar uma ruptura entre ele e o vicepresidente Maduro o que poderia dividir, e depois debilitar os Chavistas e o Partido Socialist Unido.

Depois que Nicolás Maduro ganhou as eleições presidenciais de abril de 2013, o seu rival na oposição, o governador Henrique Capriles Radonski, da Coalisão Unidade Popular, MUD, recusou, sem mais cerimônias, reconhecer os resultados eleitorais, e declarou fraude. Como apoio inicial dos Estados Unidos o governador Capriles recusou aceitar os resultados, mesmo depois de uma auditoria suplementar de mais da metade dos votos. Auditoria essa realizada por sua própria insistência. Capriles demanda então que todos os votos sejam recontados, o que foi concedido pelo Conselho Eleitoral Nacional. Entretanto, Capriles fez novos requerimentos que incluiam um pedido de auditoria completa do registro dos eleitores e, essencialmente, uma seguida de pista, uma repistagem, de todos os votos emitidos (e não sómente uma recontagem de votos). E mesmo quando o Conselho Eleitoral nacional, com muitas dificuldades tentou satisfazer seus crescentes requerimentos e verificou efetivamente que Maduro tinha ganho a eleição de maneira honesta, o governador Capriles recusou admitir derrota afirmando que a eleição tinha sido um erro. Até mesmo o governo dos Estados Unidos foi constrangido a retirar o apoio a ele.

Após essa derrota o governador Capriles incita seus seguidores a provocar violência de rua. Organizações baseadas nos Estados Unidos, como a  Human Rights Watch, HRW, ignoraram totalmente o papél que Capriles, e da oposição, nesse deslanchar de violência, mas não se esqueceram de pegar a oportunidade para criticar o governo venezuelano.

HRW tinha isso aqui a dizer a respeito da violência urbana que os líderes do MUD tinham deslanchado: “Sob a direção do Presidente Chavez e agora do Presidente Maduro, a acumulação do poder no ramo executivo, e a erosão das garantias sobre os direitos humanos, permitiram ao governo de intimidar, censurar, e de perseguir seus críticos.“ Nem uma vez as ações violentas do grupo principal da oposição, ou a corrupção dos seus líderes nos estados ou nos municípios que eles administravam, foram mencionadas pela HRW.

 

 

 

O governador Capriles e os dirigentes da oposição da Venezuela tem deliberadamente tentado instituir a violência e a perda de vidas humanas como tática para deslegitimizar o governo venezuelano, e justificar a estratégia da oposição, de trabalhar fora de qualquer quadro democrático. Não se consegue enfatizar suficientemente que seus objetivos são de semear o cáos político, e de perturbar a estabilidade política da Venezuela, e isso com o fim de criar um caminho ao poder que justifique suas ações fora dos limites democráticos e das eleições.

Os objetivos dos oligarcas venezuelanos, que controlam a oposição, não são de estabelecer uma sociedade justa, ou de terminar com a corrupção e o crime na Venezuela. Seus objetivos são de reafirmar e enraizar suas posições privilegiadas na sociedade venezuelana, e de desfazer as reformas que Hugo Chavez estabeleceu para ajudar os pobres da Venezuela. Eles querem que a lei proteja seus interesses, e não sirva nada se não o assegurar sua dominância. Através das maiores empresas particulares, das quais são donos, eles induziram as altas dos preços. Ainda mais, entre os inúmeros casos de crime organizado, muitos estão ligados aos próprios oligarcas da América Latina.

Interrogados sobre o legado de Chavez, muitos dos apoiantes dos principais partidos da oposição reconhecem que Chavez ajudou os pobres, mas insistem que Chavez “nada fez para o país” No que pode ser classificado abaixo de psicologia de classes –  “des privilèges et de la perception de l’attribution du droit par Paul Piff de l’Université de Californie à Berkeley  – o que se pode resumir aproximativamente como “Privilégios e Percepção de Direitos”.Haveria então relacionado a expressão “nunca fez nada para o país”, uma atitude que revelava uma psicologia da auto-atribuição do `direito´. Dentro dessa perspectiva, a motivação da oposição venezuelana, em que muitos dos seus membros, como indivíduos, são também individualistas, vê-se “o país” como eles mesmos, do qual estariam excluidos então os pobres. Consequentemente, reduzir a disparidade entre pobres e ricos, e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos menos favorecidos da Venezuela, não diz nada para os apoiantes da oposição, e não figura nem mesmo, psicologicamente dizendo, como qualquer coisa favorável para uma melhora da sociedade venezuelana.

Os estudantes são pessoas que não devem ser idealizados

As imagens de ativistas estudantís tem sido uma característica central das manifestações anti-governamentais em Caracas. Valeria a pena de aqui citar a declaração do Conselho de Negócios do Hemisfério, COHA, de 14 de fevereiro de 2014, sobre as manifestações da oposição na Venezuela. A COHA declarou que considerava, “com uma grande inquietude, a violência perpetrada contra o governo democraticamente eleito e os civís da Venezuela, que tinham resultado, até 12 de fevereiro de 2014, em uma confirmação de três mortos, 61 feridos e 69 detenções.” A COHA também notou, na mesma declaração, que o derramamento de sangue em Caracas tinha começado “no final das marchas que, de maneira geral tinham decorrido pacíficamente, para comemorar o aniversário de 200 anos da Batalha da Vitória. Essa foi uma batalha na qual os estudantes tiveram um papél central, na vitória contra as forças da realeza, no curso da guerra para a independência na Venezuela.”

Os estudantes não deveriam ser usados como instrumento, ou vistos como defensores exclusivos das liberdades civís ou da democracia. Tais percepções confusas, aceitas sem nenhum exame real da situação relevante no caso, não tem fundamento concreto, são erradas e sem conxão com a relidade. Os grupos de estudantes podem muito bem representar diversos interesses de classe, ou outros, que contradigam claramente a legalidade e a justiça em suas sociedades e no mundo inteiro. A instrumentalização dos estudantes, e do movimentos estudantís, como defensores da justiça, não faz mais que dar um cheque em branco, e  crédito moral a esses grupos. Os próprios estudantes, assim como os movimentos estudantís, são sustentados pelos fundamentos de suas motivações. É necessário comprender as causas que eles defendem.

No Salvador, um país latinoamericano, comparável em muitos aspectos com a Venezuela, os estudantes da escola de medicina de universidades particulares, fazendo seu tempo de prática como internos, se recusaram a permitir que estudantes de medicina de uma escola do  El Salvador, fazendo seus termos de prática como internos em Cuba, recebessem os mesmos exames que eles. Eles argumentavam que os padrões médicos cubanos seriam menos elevados se comparados em pé de igualdade com os ensinamentos e custos das universidades e escolas de medicina de El Salvador. Demandavam então que os médicos formados em Cuba fizessem um ano suplementar de prática como internos.

Mesmo que o governo de El Salvador tenha respondido que os resultados dos examens deveriam atestar quem era qualificado e quem era desqualificado, os estudantes das escolas de medicina não cubana recorreram a manifestações e a táticas políticas pondo barricadas nas salas de exame e tentando perturbar o sistema de saúde de El Salvador. Isso em vez de deixar que as notas e avaliações profissionais falassem por elas mesmas. Esses médicos das escolas de medicina salvadorenhas, a maior parte deles sendo de universidades particulares, queriam eliminar seus concorrentes salvadorenhos, melhor treinados, impondo restrições suplementares aos seus homólogos instruidos em Cuba, obrigando-os a fazerem um extra ano de internato.

Esse protesto da escola de medicina em El Salvador era claramente um negócio de competição econômica e de interesses pessoais, não uma história de justiça, de imparcialidade, de profissionalismo, ou de padrões de conhecimento ou capacidade. Se fosse uma questão de estabelecer e comparar padrões, os médicos formados em Cuba lhes seriam superiores. Os estudantes das escolas de medicina forçaram, no final das contas, o governo salvadorenho a colocar restrições, ou condições suplementares, aos médicos cubanos, em vez de resolver a situação de uma maneira razoável por exemplo através de um exame universal, que todos os diplomados das escolas de medicina deveriam passar. Nenhuma semelhante tentativa lógica foi feita, o que só poderia significar que se serviram de pressões para se sobrepor aos meios mais lógicos e razoáveis de resolver o problema. Ainda mais, ressalta-se aqui que cada vez que o governo de El Salvador pediu aos médicos que fizessem trabalhos voluntários para ajudar nas iniciativas de saúde da comunidade, sempre foram os médicos educados em Cuba que se apresentaram aos serviços, não os salvadorenhos.

Mas voltando a Venezuela. É importante o se identificar a natureza do envolvimento estudantil nas manifestações anti-governamentais e de levar em conta que os estudantes estão, na realidade, divididos em um campo pró-governamental e um outro anti-governamental. É também igualmente necessário sublinhar que os dirigentes da oposição, e das manifestações anti-governamentais, se escondem atrás das imagens de ativistas estudantís para ganhar um apôio mais abrangente para seu objetivo de delegitimização do governo venezuelano. Como disse a COHA: “Conquanto alguns grupos de estudantes sairam em passeatas para celebrar o Dia do Estudante, as manifestações anti-governamentais tomaram a ocasião para protestar contra a escasses ocasional de certos produtos de base, a persistência do crime, e enfim, de exigir a libertação dos estudantes que tinham sido detidos de quando das precedentes demonstrações.”

Também é importante sublinhar que a facção de estudantes, atrás das quais se escondem os líderes da oposição, vem de maneira geral, de famílias privilegiadas que podem se dar ao luxo de enviar seus filhos a universidades particulares e institutos pós-secundários ou de educação superior. A percepção dos estudantes dessas faculdades, e outras grandes escolas particulares, podem ser radicalmente diferentes das de seus homólogos de universidades públicas sobre temas como a economia neoliberal,os privilégios, e a forma de governo. Se bem que seja necessário com um trabalho de sondagem e de pesquisa sobre a questão, os estudantes das instituições superiores particulares venezuelanas, e de outras partes socialmente polarizadas da América Latina poderão ser mais propensos a aceitar e apoiar golpes, a perceber e avaliar o emprego de militares para levar os grupos que apoiam ao poder, mesmo que isso signifique o derrubar de governos legítimos, assim como a distribuição desigual da riqueza. Esse tipo de opinião poderá estar psicológicamente condicionada pelo grupo social moldado pela propaganda, pelos companheiros, pelas famílias, e pelos meios de comunicação fornecidas ao seu meio social e ao estilo de vida das mesmas.

Construindo falsas histórias sobre as manifestações anti-governamentais e escondendo a violência

Uma falsa história sobre as manifestações anti-governamentais está sendo construida. Muitos dos manifestantes, tendo preocupações legítimas a respeito do crime e da inflação, foram induzidos ao erro pelos líderres das manifestações. Como mencionado acima, não se trata de negar que existam problemas de criminalidade e inflação na Venezuela, mais ainda uma vez, não será demais sublinhar que as motivações da oposição não se baseiam em queixas sócio-econômicas. Suas reclamações e reinvidicações servem sómente de pretexto para manipular os manifestantes.    

Além disso tem-se que se saber de saída que a oposição venezuelana é proprietária de quase todos os meios de comunicação na Venezuela. A oposição tem literalmente a mão sobre o controle da maior parte da informação, conquanto o governo não tem mais que a televisão pública, recebendo um apoio por parte das estações locais de rádio além de ser autorizado, por lei, a fazer com que todas as redes de comunicação na Venezuela transmitam mensagens públicas importantes, de quando necessário. Nesse contexto a direção da oposição utilizou seu controle sobre a mídia para mostrar uma falsa imagem dos acontecimentos e para deformar grossamente as imagens das manifestações anti-governamentais no espírito de suas bases eleitorais, e para esconder as desordens, e os atos de vandalismo que também se manifestam paralelamente as manifestações. O ministro da Comunicação e Informação, Delcy Rodriguez, comentou a esse respeito, afirmando que o governo iria exigir responsabilidade daqueles que fornecessem consciente e intencionalmente encobrimentos e dissimulações das violências urbanas através de falsas informações.

 

 

A oposição venezuelana mantém continuamente sua guerra de propaganda. As distorções das manifestações anti-governamentais actuais são sómente o seu capítulo mais recente.

A oposição já esteve envolvida em uma similar campanha de propaganda de quando lançou sua marcha frente ao Palácio Miraflores na sua tentativa de golpe contra o Presidente Chavez. Os líderes da oposição usaram a violência para pressionar, e quanto a sua instigação levou ao derrame de sangue, eles continuaram e se serviram de massacres para justificar então a derrubada forçada, e não democrática, do democraticamente eleito Hugo Chavez.

A direção da oposição está envolvida numa campanha desonesta. Imagens retocadas, e falsas informações, são usadas pelos apoiantes da oposição para apresentar o governo venezuelano como um regime autoritário, que utiliza violência brutal contra demonstrantes civís desarmados. Fotos envergonhantes de policiais argentinos, brasileiros, búlgaros, chilenos, egípcios, gregos e singapurenses foram postas em circulação, de maniera massiva pela oposição venezuelana, como se fossem acontecimentos na Venezuela, em fevereiro de 2014. Isso aqui inclui até mesmo um apoiante do governo ferido por um apoiante da oposição, assim como uma foto retocada de um vídeo pornográfico e homosexuel, onde a polícia força um cidadão a lhe fazer um fellacio, ou seja ao sexo oral, que foi posta em circulação pela atriz anti-Chavez, Amanda Gutierrez. Tem-se então também uma violação, supostamente feita por um grupo de polícias anti-motins, de um manifestante anti-governamental desarmado.

 Quem é Leopoldo Lopez Mendoza?

Também vale a pena o aqui falar a respeito dos atuaus líderes das manifestações anti-governamentais na Venezuela. Leopoldo Lopez Mendoza é um ex-empregado da Petróleos de Venezuela, SA (PDVSA) e ex Presidente da Câmara de Chacao. Ele vem de uma das famílias mais ricas de Venezuela. A família de Lopez faz parte da oligarquia anti-Chavez que governou a Venezuela como se essa fosse uma propriedade particular deles.

 

FOTO 4 – LEOPOLDO LOPEZ MENDOZA

 

O contexto familiar e a riqueza material da família dele não fazem parte de sua culpa, mas as ações pessoais dele, a fazem. Lopez pessoalmente não possui nenhuma qualificação como defensor da democracia. O seu passado diz mesmo o contrário. Ele apoiou abertamente a suspensão da democracia na Venezuela, e esteve envolvido ao apoio ao curto e efêmero governo golpista que se apossou do governo depois do golpe de 2002, em Caracas. Ele não só assinou o decreto de Carmona para dissolver todas as instituições democráticas do país, agradecendo e despedindo todos os oficiais do judiciário, assim como os dos ramos do executivo e legislativo do governo, mas  ele também foi uma das figuras chaves quando da incitação de manifestantes anti-governamentais, assim como da violência ocorrida na passeata frente ao Palácio Miraflores, violência essa a qual serviu de pretexto para que declarassem Chavez como ilegítimo.

Alguns anos mais tarde, em 2007, Lopez e Alejandro Pena Esclusa foram flagrados e gravados de quando abertamento urdindo intrigas e planos para criar uma crise política na Venezuela para dessa maneira criar instabilidade. Como Esclusa era muito tagarela e falava demais, Lopez se distanciou dele, pelo menos como co-conspirador. Lopez nunca disse nada, que tivesse sido gravado, a respeito da estratégia de destabilização, mas pelo que se pode ver pelas suas atividades entre 2002 e 2014 pode deduzir-se que ele delas se utilizou.

Lopez har além disso uma reputação de desonestidade e corrupção, reputação essa que ele afirma ser obra de Chavez. Mas os fatos de qualquer maneira falam por si mesmos. De quando Lopez trabalhava para a companhia nacional de petróleo da Venezuela, PDVSA, ele fez de maneira que a sua mãe, que também trabalhava para a PDVSA, desviasse pelo menos $160.000 dólares dos fundos da PDVSA, para benefício dele. Lopez declarou que ele não tinha feito nada prejudicial e que tinha simplesmente se servido desse dinheiro para criar a “Primero Justicia”, um grupo de oposição. A lei da Venezuela, entretanto, proibe claramente que donações sejam feitas pelo estado, ou por quaisquer de seus membros constituentes, aos seus empregados ou a servidores públicos. A lei venezuelana também proibe aos empregados das instituições do estado de liberarem donações diretamente a membros de suas famílias, assim também como a quaisquer organizações onde membros de suas famílias estejam envolvidos. Isso por causa dos evidentes  conflitos de interesse e dos riscos levantados por tais atos.

O novo governo venezuelano não tinha se apercebido, ou ficado sabendo, da maneira de como Lopez e sua mãe haviam desviado fundos públicos durante a era de irresponsabilidades, pré-Chavez. Isso então até que Lopez surgiu como objeto de um processo por corrupção e foi julgado como culpado de ter feito uso ilícito de fundos públicos, durante seu tempo como presidente da Câmara de Chacao. Lopez foi entretanto autorizado a continuar seu mandato como presidente da câmara até o final de seu termo, em 2008. Isso entretanto abaixo de intensa supervisão. Após disso ele se tornou ilegível a todas as funções públicas justamente até 2014 como consequência do veredicto de corrupção.

Quem perpetrou a violência em Caracas ? 

2014 chegou e agora Leopoldo Lopez está de volta a suas atividades de provocações. Aqui ainda mais uma vez tem que ser mencionado que afim de justificar o golpe de 2002  a direção da oposição venezuelana se assegurou que haveria sangue derramado e perdas de vidas humanas. Lopes e seus bandos se asseguraram de que haveria sangue e perdas de vidas humanas em colocando homens armados entre os manifestantes, os quais deveriam começar a atirar contra as forças de segurança. Depois de 19 pessoas terem sido assassinadas, os principais meios midiáticos, controlados pela oposição, elaboraram uma falsa história para vender o militar golpe de estado ao povo venezuelano, assim como a comunidade internacional como uma nobre reaçäo face a um governo que tinha perdido a sua legitimidade,  em matando seu próprio povo.

Nesse contexto é importante de se perguntar quem é que foi que perpetrou a violência em Caracas. A violência foi provocada por homens armados infiltrados no meio da oposição sustentada pelos Estados Unidos, e isso para justificar o golpe de 2002 através do derramamento de sangue. A mesma metodologia de provocação a violência foi utilizada uma vez mais em 2014. Provas de vídeo mostram que havia pelo menos um homem armado, incitando a violência durante as manifestações. As imagens de vídeo em Caracas demonstravam também que a brutalidade teve rédeas soltas de quando os segmentos das forças anti-governamentais claramente provocavam a violência e o cáos. Eles atacaram transeúntes inocentes e agentes dos serviços públicos, o que incluia veículos pertencendo a rede dos serviços públicos, assim também como seus passageiros. Essa é o mesmo tipo de bandos que atacaram as clínicas e os hospitais públicos em 2013, como meio de perturbar a vida quotidiana depois de Maduro ter sido eleito. Por sua parte, os apoiantes de Lopez atacaram funcionários e oficiais do governo com os longos e grossos batões de madeira usados nos jogos de baseball, isso além do uso  dos coquetéis Molotoves. Depois também fizeram todo o possível para provocar confrontações, com o claro objetivo de , como o descreveu Lopes ele mesmo, fazer o governo venezuelano entrar em colápso.

Os mesmos oligarcas que controlam a maior parte dos principais meios de comunicação em Venezuela abriram uma guerra econômica para paralizar seu próprio governo e seu próprio país, com o fim de conseguir suficiente apoio de cidadãos comuns para o seu pretendido golpe contra o governo constitucional. Mesmo que eles tentem apresentar Lopez como um elemento que age por conta própria, os oligarcas vêem o Presidente Maduro como um dirigente fraco, e tentam por sua vez usar a crise para obter concessões, sejam essas secretas ou públicas, assim como para amplificar as tensões internas do Partido Socialista Unido, com o fim de que esse se ponha a desmoronar.

Está se usando uma estratégia mixta de chicote e de incentivo na Venezuela.  Enquanto uma facção da oposição usa a força, a outra abre uma frente de negociações com o governo. Enquanto uma pressão vindo da rua está sendo aplicada por Lopes, Capriles começou a entrar em diálogo com Maduro. Nesse sentido as manifestações anti-governamentais na Venezuela, especialmente as desordens e as violências de rua, foram utilizadas pela oposição como uma ferramenta para obter ganhos políticos os quais a oposição nunca pode ganhar através de meios democráticos, no curso dos últimos anos. Além de demonizar o governo democraticamente eleito, a mesma estratégia acima apresentada foi usada nas manifestações anti-governamentais na Ucraina.

O desafio geoestratégico da República Bolivariana da Venezuela para os Estados Unidos

Os Estados Unidos tem um papél principal em apoiar tudo isso. Que näo se cometa nenhum erro a respeito. O governo dos Estados Unidos está muito envolvido nas manifestações anti-governamentais e nas desordens e violências na Venezuela, assim também como fazem o seu papél nas manifestações anti-governamentais tanto na Ucraina como na Síria. A Embaixada dos Estados Unidos visa-se constantemente em contacto e discussões, coordenando-se com a oposição, para a derrubada do governo em Caracas. Como no caso da Ucraina, o governo dos Estados Unidos tem apoiado a direção da oposição, assim como feito declarações públicas a seu favor. Os Estados Unidos também vem mentindo, anos a fio, referindo-se a Venezuela como uma “ditadura” ao mesmo tempo em que se refere a oposição como os “democratas excluidos da vida pública”. [aspas acrescentadas]

A Venezuela e as organizações que ela criou no hemisfério ocidental, são vistas como principais ameaças políticas, econômicas, e estratégicas por Washington. A Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) e a Comunidade dos Estados Latino Americanos e Caribenhos (CELAC) são vistas como uma ameaça ao domínio dos Estados Unidos assim como concorrentes a Organização dos Estados Americanos (OAS) e a não importe qual  outro US regional projeto econômico, tal como a Área de Livre Comércio das Américas (FTA/ALCA), para a América Latina e o Caribe. Uma mudança de regime em Caracas é um pré-requisito a um desmantelamento do Bloco Bolivariano, o qual se constitue da Venezuela, da Nicaragua, de Cuba, da Bolívia, do Equador e do Frente Nacional De Libertação Farabundo Marti (FMLN) me El Salvador, e de vários outros atores na América Latina.

Apesar da desinformação midiática e de toda a pressão econômica sobre a economia venezuelana, um grande número de venezuelanos continua a apoiar o governo e a votar para o Partido Socialista Unido, e seus aliados políticos. A maioria da população venezuelana apoia seu governo, graças as significantes melhoras que Chavez trouxe as suas vidas, em aumentando o nível da qualidade de vida para um grande número de venezuelanos. Que não se tenham ilusões. A República Bolivariana da Venezuela é um país profundamente polarizado e que tem ainda muitos problemas. Mas a Venezuela se tornou num lugar significativamente melhor de se viver durante a era de Chavez. Os autocratas venezuelanos do passado agora se disfarçam de democratas, com o objetivo de muito simplesmente retomar  seus velhos privilégios.

 Mahdi Darius Nazemroaya

Artigo original em inglês :

Rise of the Anti-Government Flash Mobs: First Ukraine, Now Venezuela,  20 de Fevereiro de 2014.

Tradução Anna Malm 


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About the author:

An award-winning author and geopolitical analyst, Mahdi Darius Nazemroaya is the author of The Globalization of NATO (Clarity Press) and a forthcoming book The War on Libya and the Re-Colonization of Africa. He has also contributed to several other books ranging from cultural critique to international relations. He is a Sociologist and Research Associate at the Centre for Research on Globalization (CRG), a contributor at the Strategic Culture Foundation (SCF), Moscow, and a member of the Scientific Committee of Geopolitica, Italy.

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