Print

MBL, Informação e Contrainformação: Presente Sombrio, Futuro Catastrófico
By Edu Montesanti
Global Research, November 26, 2017

Url of this article:
https://www.globalresearch.ca/mbl-informacao-e-contrainformacao-presente-sombrio-futuro-catastrofico/5620131
Não apenas pela quantidade, mas a maneira como o MBL (Movimento Brasil Livre) pratica e espalha contrainformação traz alguns sinais preocupantes: até onde chega a “distração” de determinados setores da sociedade brasileira, a falta de poder de reação de outros, a evidência de que o movimento, surgido há três anos, tem por trás de si profissionais muito bem pagos, especialistas dedicados exclusivamente a isso que vão muito além de um punhado de “moleques liberais”, como seus líderes tentam explicar as origens do agrupamento, além do futuro da própria informação e, consequentemente, da democracia e da liberdade que daquela dependem para sobreviver – exatamente o que o excessivamente cínico MBL garante defender, apenas enganando os mais “desavisados”.

A pós-verdade, considerada palavra do ano no final de 2016 pelos dicionários de Oxford, foi definida por estes conforme a seguinte tradução livre: “Relaciona-se ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos exercem menos influência na formação da opinião pública, que os apelos à emoção ou à crença pessoal”.

Sobre este último ponto, a crença pessoal, vale ressaltar que se refere ao fato de que indivíduos, certamente os mais incautos, comodistas e sectários, tendem a buscar e proporcionar maior credibilidade a notícias, verdadeiras ou não (isso acaba não importando muito no subconsciente do consumidor de desinformação, que não aceita ter seu pequeno mundo confrontado), que melhor se moldem a seus valores e fobias, algo também conhecido como “anestesia psicológica”.

Enquanto se crê muito bem informado e até um potencial “expert” em assuntos mundiais que acaba falando como intelectual, portando-se como intelectual, fazendo amor como intelectual, o sujeito está nada mais que fazendo as vezes do perfeito fantoche, grande imbecil nas mãos do poder estabelecido.

E para a afirmação das notícias falsas, fenômeno absolutamente previsível há cerca de uma década e meia, uma preferência e até defesa de “curtinhas” no meio jornalístico incluindo as faculdades, têm desempenhado papel crucial: “notícias” cada vez mais reduzidas, a gosto (em grande parte induzido) de consumidores de informação sem muita disposiçao para ler (no caso particluar do Brasil, velha característica sempre incentivada pelos sucessivos governos e pelos próprios meios de comunicação), ou “cacos de notícias” completamente descontextualizados.

Tal atentado jornalístico generalizado sobretudo na Internet, barbárie cultural que enxerga clientes ao invés de cidadãos, só poderia, mesmo, dar no que deu.

Enfim, alguma semelhança da definição de Oxford sobre pós-verdade com o que prepondera no Brasil atualmente, festival da contrainformação refletida também na seletividade mais descarada em relação ao “combate à corrupção” no País, liderado exatamente, mal e porcamente pelo MBL?

Enquanto isso pesquisadores da Associação dos Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo (AEPPSP) da USP (Universidade de São Paulo), seguindo critérios metodológicos bem definidos através de seu “Monitor do Debate Político no Meio Digital”, constatam que exatamente o MBL, liderado por um grupo de idiotas que facilmente leva outros milhões de idiotas consigo, é o maior difusor de notícias falsas do Brasil.

“Quem diria?”, devem estar se perguntando uns tantos milhões de “desavisados”. Entretanto, o estudo não traz nenhuma novidade, ou não deveria sê-la diante da apelação mais baixa a quem tem recorrido o MBL na difusão de informação falsa atrás dos objetivos dos poderes ocultos que o sustentam.

Uma breve passeada por suas ferramentas virtuais permitem constatar materiais bem acabados, até com aspecto altamente profissional no que diz respeito ao jornalismo como no caso de sítios, porém profundamente manipulados: vídeos completamente cortados, “notícias” sem autoria e sem as devidas fontes mencionadas, na grande maioria dos casos.

É claro que não se poderia esperar outra coisa da liderança de um agrupamento que, além de não esclarecer as origens de seu financiamento (e nem ser minimamente questionada pela grande mídia por isso), recentemente em “debate” na Câmara dos Vereadores de São Paulo disse, categorcamente, que papel de professor não é formar cidadãos mas sim passar aos alunos a respectiva matéria.

A contrainformação é uma tendência global, e o próprio Fez-se buque do Mark Zückerberg, laranja da CIA sobre o qual se apoiam fundamentalmente MBL e outros promotores de “primaveras” mundiais, foi criado também para espalhar notícias falsas que não serão superadas nos próximos anos e décadas, por um motivo bem simples: não há vontade política, até porque quem controla a tecnologia são os usurpadores do poder. A tecnologia da informação em geral foi originalmente projetada, exatamente, para manipular as massas, e seria muito ingênuo imaginar que parta delas democratização e decência comunicacional.

A passividade (nada surpreendente) da grande mídia “independente” diante dessa torrente de contrainformação e muita calúnia despejada diariamente pelo MBL é reveladora, traz mais uma importante peça nesse quebra-cabeças da atualidade brasileira e tem muito a responder se as novas tecnologias serão capazes de conter o avanço dessa guerra da informação falsa. Não serão jamais diante das atuais relações de poder, tanto quanto a “esquerda” tupiniquim em claros frangalhos, na ausência de senso solidário, de conteúdo intelectual e moral e da capacidade de politizar cidadãos, apresenta cada vez mais como vergonhosa solução: lançar cidadãos conservadores à frente da ponta de um fuzil.

A “esquerda” (outrora tão prepotente) não tem outro discurso a oferecer, não há solidariedade, não há nem nunca houve diálogo com a sociedade, não há nem jamais houve brios: os porões do poder aproveitaram-se exatamente disso para lançar o MBL e fazê-lo crescer, sendo que apenas a “esquerda” esquizofrênica deste País ainda não se apercebeu disso.

E nem vai preceber, nem mudar significativamente o vergonhoso quadro nos “debates” públicos nos quais tem levando rotundos “vareios” (sobretudo do próprio MBL), nem fazer nada que não seja responder com violência em busca de seu grande projeto de Brasil: retormar o poder.

Quem ousar acreditar que a saída para este tenebroso quadro reside em nossa “esquerda”, não apenas não receberá em retorno o maior legado moral daqueles personagens históricos em quem ela diz se espelhar, isto é, a solidariedade, como certamente brigará absolutamente sozinho sob risco de, o ingênuo sim, ter a oportunidade de solitariamente dizer suas últimas palavras de “luta” diante da ponta do fuzil de algum oligarca ou latifundiário deste País que, apoiados pelo PT, assassinaram povos originários como jamais antes fez nem se faz (José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique, Michel Temer escolhido a dedo pelo PT) na história da “redemocratização” do Brasil.

Diante disso tudo, quem porventura ainda acreditar que na praça tupiniquim à “esquerda” haja remédio, tornar-se-á mais um dentre esses milhões de figuras do perfeito idiota à brasileira. Conforme escreveu recentecente do grande Frei Betto: “Não consigo ver luz no fim do túnel, porque nem mesmo enxergo o túnel vejo [no Brasil hoje]”.

Portanto, a única saída que seria o esclarecimento societário, um apego irredutível à verdade dos fatos, a verdade como maior lema acima de toda e qualquer ideologia e escolhas políticas como “antídoto” à guerra comunicacional que se vive, e em que a verdade anda perdendo de longe, é carta absolutamente fora do baralho neste jogo imundo pelo poder à direita e à “esquerda” brasileira, duas faces de uma mesma moeda politiqueira que, mais ainda no caso do PT, acotovela-se com seus inimigos políticos nada mais que por uma feroz briga pelo poder e pelo mesmo projeto neoliberal de Brasil, como dizia o grandíssimo Leonel Brizola em tempos não tão distantes.

Edu Montesanti

www.edumontesanti.skyrock.com

Disclaimer: The contents of this article are of sole responsibility of the author(s). The Centre for Research on Globalization will not be responsible for any inaccurate or incorrect statement in this article.