EUA na Síria: Ponha um Ponto Final para o “Bombeiro-Incendiário”, “Abertmente Armando, Financiando e Treinando Terroristas”

Imagine um pirômano incendiando um edifício, dando uma volta, trocando de roupa por um uniforme de bombeiro e voltando correndo, não com uma mangueira d´ água, mas com um tambor de gasolina sendo rolado a sua frente. Poderia alguém acreditar que a sua intenção seria a de apagar o fogo? Não deveria estar claro para qualquer um que a sua finalidade era a de assegurar-se que, não importa o esforço que se fizesse, esse fogo não iria se extinguir tão cedo, e provavelmente não mesmo antes que tudo já estivesse queimado?

Encontro com a piromania e os incendiários maníacos

Os Estados Unidos estiveram fazendo voos ilegais sobre a Síria já a mais de um ano. Ele esteve abertamente armando, financiando e treinando terroristas ao longo da fronteira da Síria com a Turquia e Jordânia, reconhecidamente, por muito mais tempo. Tem-se que mesmo antes do conflito ter começado em 2011, os Estados Unidos estiveram conspirando, tão cedo quanto em 2007, como foi revelado em entrevistas conduzidas pelo Prêmio-Pulitzer jornalista Seymour Hersh em seu relatório de 9 páginas “O redirecionamento” (in his 9-page report “The Redirection ) e isso para destabilizar e derrubar o governo da Síria através de extremistas sectários – mais especificadamente, Al Qaeda – com armas e fundos lavados através do mais velho e dedicado aliado regional dos Estados Unidos, a Arábia Saudita.

O surgimento do chamado “Estado Islâmico” (ISIS/ISIL) mostrou-se como fazendo parte de uma premeditada “desconstrução da Síria, como admitido no relatório de um departamento da Agência de Inteligência DIA, elaborado em 2012 (. A Department of Intelligence Agency (DIA) report drafted in 2012 (.pdf) . Nessa lia-se:

Se a situação se desenrolar bem deverá haver uma possibilidade de estabelecer um declarado, ou não-declarado, Principado Salafista no leste da Síria (Harsaka e Der Zor)sendo que isso é exatamente então o que os poderes apoiando a oposição desejam para isolar o regime na Síria, que é considerado como prova da intensidade da expansão xiita (Iraq e Irã).

Para clarificar quais seriam esses “poderes apoiando” a construção de um “Principado Salafista” o relatório do DIA explica que seriam:

  • o ocidente, os países do golfo e a Turquia; enquanto então a Rússia, a China e o Irã estariam apoiando o regime constitucional.

Nesse contexto tornava-se bem evidente quem seriam os pirômanos.

Rolando tambores de gasolina para “Apagar o Fogo”

Nenhum dos recentes movimentos dos Estados Unidos foram honestos. Os formuladores de políticas dos Estados Unidos conspiraram abertamente para se comprometerem com estratégias não destinadas a lutar contra o Estado Islâmico (ISIS), ou a acabar com o conflito destrutivo na Síria, o qual eles mesmo tinham começado. Em vez disso eles agiram para combater as tentativas da Rússia de o fazer. Tudo feito abaixo do disfarce de combater ISIS, ajudar refugiados, ou mesmo qualquer outro subterfúgio que acreditassem a opinião pública mundial pudesse aceitar, se não apoiar.

A verdade começou a aparecer até mesmo nos próprios jornais de propriedade do ocidente. O “Washington Post”  num artigo intitulado “Obama tem uma estratégia para a Síria mas enfrenta grandes obstáculos” (Obama has strategy for Syria, but it faces major obstacles.) declara explicitamente que:

[EUA] irá aumentar operações aéreas no norte da Síria, especialmente na área da fronteira com a Turquia, para cortar o influxo de combatentes estrangeiros, dinheiro, e material vindo para apoiar o Estado Islâmico.

Aqui o “Washington Post” admite abertamente que o apoio para o Estado Islâmico está fluindo de dentro de um país membro da OTAN, da Turquia. É claro que para parar esse “fluxo” esforços deveriam ser concentrados na fronteira Turquia-Síria antes que abastecimentos e reenforçamentos pudessem entrar na Síria. Está evidente também que o Estado Islâmico (ISIS) está sendo intencionalmente permitido a reabastecer e reforçar  sua capacidade de luta dentro da Síria, e isso vindo de um território OTAN, nominadamente para servir como pretexto para uma maior e mais direta intervenção do ocidente na Síria, como se pode notar já em junho de 2014 ( as was noted in June of 2014 ) de quando ISIS pela primeira vez mostrou-se no Iraque.

ISIS representa os tambores de gasolina sendo rolados para dentro do fogo, não para extinguir as chamas, mas para as desenvolver a um inferno ainda maior.

Os maníacos incendiários procuram criar um inferno ainda muito maior

O mesmo artigo do “Washington Post” iria revelar as verdadeiras intenções dos Estados Unidos e suas “botas no terreno” na Síria. Apesar deles dizerem que pretendem lutar “contra o Estado Islâmico” a verdade apresenta-se como muito mais sinistra. Abaixo do pretexto de lutar o Estado Islâmico, essas forças dos Estados Unidos, que apoiam militantes armados, treinados e financiadas pelos Estados Unidos e seus aliados regionais, irão tomar e manter territórios, efetivamente realizando o expresso nos documentos de ação política que de a muito vem expressando o desejo dos formuladores de políticas em Washington  de “desconstruir” a Síria como uma maneira secundária de destruir a mesma como uma nação-estado, se direta mudança de regime mostrar-se como coisa inatingível.

Washington Post” diz especificamente que:

Abaixo da estratégia Obama  a derrota do Estado Islâmico na Síria baseia-se em possibilitar forças locais sírias a não só fazer retroceder os combatentes do Estado Islâmico como também manter territórios libertados até que um novo governo central, estabelecido em Damasco, possa assumir.

Como já existe um governo central estabelecido em Damasco, é seguro concluir que as regiões asseguradas pelos militantes apoiados pelos Estados Unidos nunca seriam retornadas até uma derrubada de Damasco. Caso essa estratégia obtenha sucesso isso iria significar uma “balcanização” da Síria e consequentemente, o seu fim como uma nação unificada.

Comparando essa recente confissão do “Washington Post”, que se baseia em “lutar contra o Estado Islâmico” seguindo um  plano que já tinha sido feito antes mesmo do aparecimento do mesmo, revela também que o Estado Islâmico é só mais um de uma série de pretextos usados para implementar os objetivos dos Estados Unidos. Tudo já tinha sido elaborado, até mesmo o surgimento do próprio, antes de que qualquer tiro tivesse sido dado na atual crise da Síria.

No Memo #21 “Brookings Institution-Middle East, de março 2012 “Avaliando Opções para Mudança de Regime” ( “Assessing Options for Regime Change” ) especifica-se que:

Uma alternativa seria que os esforços diplomáticos se concentrassem primeiro em acabar com a violência e em como ganhar acesso humanitário, como tem sido feito abaixo da direção de Annan. Isso poderia levar a criação de áreas-seguras e corredores humanitários, que teriam que ser assegurados por poder militar limitado [limitado!!! ? !]. Isso iria naturalmente ficar abaixo dos objetivos estabelecidos pelos Estados Unidos e poderia preservar Assad no poder. Entretanto, desse ponto de partida seria possível que uma substancial coalisão, com o apropriado mandato internacional pudesse acrescentar subsequente ação coercedora aos seus esforços. [ênfases acrescentadas]

O plano de se usar forças especiais dos Estados Unidos para assegurar território sírio também foi especificado no documento da “Brookings” [instituição] de junho de 2015 denominado “Desconstruindo a Síria: Uma nova estratégia para a guerra mais desesperançada dos EUA”- Deconstructing Syria: A new strategy for America’s most hopeless war . Nesse documento declara-se que:

A idéia seria a de ajudar elementos moderados a estabelecer zonas de segurança dentro da Síria uma vez que estivessem preparados. Os EUA assim como forças sauditas, turcas, britânicas, da Jordânia e outras forças árabes poderiam agir em apoio, não só com ajuda aérea mas eventualmente no terreno com uma presença de forças especiais também. Essa abordagem iria beneficiar-se do terreno desértico aberto que poderia permitir a criação de zonas marginais de segurança – buffer zones – que poderiam ser monitoradas para possíveis sinais de ataque inimigo através de uma combinação de tecnologias, patrulhas e outros métodos que forças especiais, vindo de fora, poderiam ajudar os combatentes locais a erigir. [ênfases acrescentadas]

Se Assad fosse suficientemente audaz  para desafiar essas zonas, mesmo que de alguma maneira ele  tivesse conseguido o retirar das forças especiais, ele iria provavelmente  perder seu poder aéreo em ataques retaliatórios subsequentes, vindo das forças especiais, deprivando assim os militares sírios de uma das poucas vantagens sobre o Estado Islâmico. Concluiu-se portanto que ele provavelmente não iria fazer isso. [ênfases acrescentadas]

É óbvio que o esquema mais recente dos Estados Unidos continua com a mesma conspirção criminosa, a longo prazo, levantada contra a Síria, como exposto tão cedo como em 2007, por Seymour Hersh.

Para por ponto final aos pirômanos denomie-os pelo que são – Maníacos Incendiários

É claro que os Estados Unidos poderiam parar a marcha do Estado Islâmico sem por um único par de “botas no solo” sírio ou fazer um único voo pelos seus céus ( and without setting a single boot down on Syrian soil ).

A Rússia tem a autorização do governo constitucional da Síria para operar no território sírio para confrontar o Estado Islâmico. Entretanto a Rússia poderia gostar de interditar os abastecimentos e reenforçamentos para o Estado Islâmico antes que esses entrassem no território sírio, mas tem-se aqui que os países vizinhos, nominadamente a Turquia e a Jordânia, abrigam e ajudam, assim como agem em cumplicidade com as organizações terroristas, não indo então cooperar honestamente com a Rússia.

A Rússia tem influência limitada sobre os financiadores do Estado Islâmico, incluindo-se aqui a Arábia Saudita da qual a inteira existência depende das armas no valor de muitos bilhões compradas dos Estados Unidos, do círculo de bases militares americanas construídas em volta, e através, de todo o Golfo Pérsico defendendo-os contra a sempre aumentando quantidade de bem merecidos inimigos que adquire, e da constante legitimidade política garantida a eles pelos círculos diplomáticos e midiáticos do ocidente.

Os Estados Unidos tem uma presença física na Turquia, na Base Aérea de Incirlik, e vem já por vários anos operando ao longo da fronteira turco-síria – tendo também a sua Agência Central de Inteligência provendo armas aos terroristas, as suas forças especiais fazendo operações inter-fronteiriças, enquanto os seus militares vem administrando os campos de treinamento que preparam terroristas antes deles entrarem no território sírio, perpetuando dessa maneira o conflito [que dizem combater]. Os Estados Unidos, como se pode deduzir do acima dito, exercem além disso tudo a sua grande influência sobre a Arábia Saudita, sendo então que seu apoio político e militar é essencial para que a existência do regime saudita, em Riad, possa continuar.

Se os Estados Unidos estivessem mesmo interessados eles poderiam a qualquer momento apagar esse fogo todo simplesmente através de fechar a fronteira entre a Turquia e a Síria, e fazer por onde por um ponto final na ajuda da Arábia Saudita aos terroristas operando na Síria. Isso iria terminar com o conflito em poucas semanas, senão em poucos dias. Não fazendo isso ele mostra o papél central que ocupa na criação e na perpetualização do próprio “Estado Islâmico”.

A Síria e seus aliados precisariam não só de reconhecer esses fatos como também de elaborar uma estratégia que possaa efetivamente conter essa situação. Negociar com estados-financiadores da mais terrível e devastadora organização terrorista tendo pisado essa terra, em recente memória coletiva, não parece ser uma opção viável. A alternativa que se apresenta então é a expansão da coalisão sírio-russa dentro da Síria, especialmente nas regiões que os Estados Unidos pretendem arrebatar e esculturar a sua conveniência. Inicialmente uma esmagadora presença de “tropas de paz” vindas de várias nações e localizadas ao longo da fronteira turco-síria poderia bloquear os esforços dos Estados Unidos para a perpetualização desse, e relatados conflitos.

Isso não sendo possível, a Síria e a Rússia tem de tentar expandir suas operações por toda a Síria, e isso mais depressa do que os Estados Unidos possam espalhar seu pretendido caos.

Por já os Estados Unidos têm muito poucos elementos de uma força especial servindo como um tênue “escudo humano” para os terroristas na mira das operações militares da Rússia e da Síria. Eles ainda estão vulneráveis e possíveis de desengatilhar. Entretanto, os Estados Unidos irão sem dúvida continuar a expandir sua presença na Síria, talvez mesmo até a um ponto onde um retroceder poderia se mostrar como impossível ou inadmissível.

Tirar do jogo os incendiários pirômanos antes que o fogo irreversivelmente tome toda a estrutura que é o atual estado nacional sírio poderia ser já a única maneira de impedir que a Síria se torne na “Líbia do Levante”. Isso poria também um fim a geopolítica da perigosa guerra-relâmpago claramente destinada, em sua continuação, a Teerã, Moscou e Pequim, respectivamente então Irã, Rússia e China.

Tony Cartalucci

Artigo em inglês : 

Obama talks about bombing Syria (this time to fight the insurgents that the US created)

US in Syria: Stopping the “Arsonist-Firefighter”, “Openly Arming, Funding and Training Terrorists”

New Eastern Outlook 6 de novembro 2015

Traduzido por Anna Malm – https://artigospoliticos.wordpress.com para Mondialisation.ca

Tony Cartalucci, Bangkok-based geopolitical researcher and writer, especially for the online magazineNew Eastern Outlook”.


Articles by: Tony Cartalucci

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