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“CNN e Departamento de Estado Impõem ao Senhor uma Política Equivocada”, Diz Maduro a Trump
By Edu Montesanti
Global Research, February 18, 2017

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O presidente da Venezuela Nicolás Maduro, afirmou nesta quarta-feira, 15, que a CNN en español e o Departamento de Estado dos Estados Unidos impõem ao presidente norte-americano Donald Trump uma política de agressão massiva em relação à Venezuela. “A CNN e o Departamento de Estado estão impondo ao senhor uma política equivocada”, disse o líder da Revolução Bolivariana durante a inauguração da Gran Misión Justicia Socialista na capital Caracas.
“Digo isso claramente, a Venezuela quer relações de respeito nos termos de igualdade com os EUA”, tuitou também o presidente venezuelano. Enquanto isso, a Comisión Nacional de Telecomunicaciones de Venezuela (Conatel) afirmou que dará início a um processo judicial contra a rede de notícias norte-americana, e às consequentes medidas cautelares.

Através de comunicado por escrito, a Conatel ordenou como medida preventiva a suspensão e a retirada imediata das transmissões da CNN en español no país, por considerar que a emissora “vem difundindo, de forma sistemática e reiterada no decorrer de sua programação diária, de forma clara e perceptível conteúdos que constituem agressões diretas que atentam contra a paz e a estabilidade democrática do nosso povo venezolano, já que os mesmos geram um clima de intolerância”.

A nota insta os meios de comunicação, jornalistas e correspondentes a oferecer informação veraz e oportuna, e acrescenta em referência à CNN: “Sem argumento probatório e de maneira inadequada, difamam e distorcem a verdade”.

O Porquê da Guerra Midiática contra a Venezuela
Ao se conversar com cidadãos venezuelanos sobre a Revolução Bolivariana, é muito comum escutar em todos os cantos do país caribenho: “Hugo Chávez abriu os olhos do povo”, referindo-se à história de saques imperialistas apoiados nas elites locais. Uma das cenas mais comuns na Venezuela hoje, de norte a sul, leste a oeste, é crianças indo e retornando de suas escolas com a Constituição nas mãos – aprovada através de referendo popular em 1999, é a mais democrática do mundo.

A Revolução Bolivariana devolveu identidade à sociedade local, tornou o povo protagonista de sua história além de ter colocado as riquezas naturais do país, historicamente nas mãos das classes dominantes que as repassavam aos Estados Unidos, à sociedade.

Como essa recuperação da riqueza material e moral tem sido feito pode ser resumido da seguinte maneira, deixando bem claro o porquê da guerra midiática global contra a Venezuela: Hugo Chávez rompeu, assim que assumiu o poder em 1999, com os ditames do Fundo Monetário Internacional (FMI) abrindo mão, desta maneira, do Consenso de Washington que impõe abertura das economias nacionais em favor de empresas estrangeiras; medidas econômicas contrárias aos investimentos sociais por incentivar a desregulamentação do mercado de trabalho e a privatização de longo alcance, inclusive da produção e comercialização do petróleo, de cujo produto a Venezuela possui as maiores reservas do planeta.

É da comercialização do petróleo que o governo bolivariano aparece no topo da lista mundial de investimentos sociais, com 73,6% do orçamento previsto para o ano fiscal de 2017. É desnecessário dizer (?) que exatamente o “outro negro” é o grande motivo de obsessão de Tio Sam, levando-o a promover invasões, assassinatos, golpes e guerra indiscriminadamente nos quatro cantos do planeta.

Tais medidas não significam que o Estado venezuelano tem declarado que os Estados Unidos são um país inimigo, pelo contrário: nos anos de Chávez, a PDVSA, estatal petrolífera da Venezuela, chegou a distribuir óleo de calefação a baixo custo a milhares de famílias pobres de Massachusetts, depois de um acordo entre Caracas e Washington.

A questão bolivariana tem sido uma só: soberania e conversão das riquezas nacionais em favor da sociedade como um todo, o suficiente para gerar crises de histeria nas elites locais (historicamente ligadas aos norte-americanos) e internacionais.

Dado que os grandes meios de comunicação pertencem a essas mesmas elites, tal contexto deixa bem claro o jogo sujo da mídia a fim de deslegitimar o governo venezuelano e jogar no descrédito o Socialismo do Século XXI idealizado por Chávez e fielmente seguido por Maduro hoje, que tem dado muito certo a que pesem todos os boicotes comunicacionais, econômicos (inflação artificial, armazenamento e contrabando de produtos básicos etc) e sociais através das tentativas de golpe suave.

Pior que Ignorar, É Querer Continuar Ignorando

Pois a lavagem cerebral com forte dose de agressividade que não aceita verdades diferentes das suas (isto sim, matéria-prima de regimes fascistas e totalitários) é tão eficazmente aplicada às massas, mesmo em pleno século XXI da revolução da informação da Internet através de inúmeros meios alternativos, que cada vez que se publica artigos como este o rebate não se dá através de contra-argumentação, mas de manifestações como esta (são centenas e centenas para cada autor que se atreve a citar fatos como os desta reportagem):

Ah vão tomar no c+ seus vermelhos de m++da com esse argumento esdruxulo… postem a verdade .. lulistas do ca++lho…

estão na contra mão… digam essas merdas em público aqui em maringá e verão o que sobra de voces pra voltarem pra casa…

A postagem não falava absolutamente nada de lulismo nem sequer do Brasil, mas uma leitora ousou compartilhar no Fez-se Buque artigo bem semelhante a este sobre a democracia e as conquistas sociais na Venezuela, deste mesmo autor. O mais doentio é que esses mesmos seres que primam pela irracionalidade verborrágica encontram cara-de-pau suficiente para condenar a Venezuela pelo que julgam excesso de… intolerância e violência!

Exatamente assim se deram os golpes militares na América Latina do século XX, de cuja história as sociedades mais incautas do continente sul-americano não tiraram lição absolutamente nenhuma.

Venezuela: Não a Democracia que o Pentágono Midiático Quer

Sobre isso tudo, observou o jornalista britânico Mark Weisbrot em 2012 no jornal The Guardian: “Em Washington, democracia tem uma simples definição: um governo faz o que o Departamento de Estado norte-americano quer que seja feito?”. Do contrário, é considerado governo tirânico.

Pois essa definição de democracia por parte dos lords do bem-dizer, estendida pateticamente aos seus catadores de migalhas dos países subdesenvolvidos, é confirmada por cabos secretos liberados aos milhares por WikiLeaks – e pela própria história.

Pois dentro da República Bolivariana da Venezuela, o que tem mantido Maduro no poder, e junto a Revolução ano a ano premiada por Unicef, FAO e os mais respeitados órgãos internacionais por avanços sociais que incluem ampla garantia dos direitos humanos, é exatamente a alta politização e a consciência cidadã: as massas colorem as ruas com bandeiras, faixas, a Constituição nas mãos e apresentações culturais para, pacifica e bravamente, defender a democracia cada vez que ela é ameaçada – e isso se dá praticamente toda semana de maneira contagiante em um país que respira revolução. É o que tem garantido a permanência de Maduro no Palácio de Miraflores, com todas as agressivas tentativas de golpe.

Conforme disse o jornalista colombiano William Ospina: “A Venezuela é um país ímpar, único no mundo onde os ricos protestam e os pobres celebram”.

Edu Montesanti

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