Obama acusa a Rússia de perseguir os “ Bons Terroristas ” dos EUA

Amplamente documentado mas raramente mencionado em reportagens e notícias é o fato do Estado Islâmico ser uma criação dos serviços de inteligência dos EUA com seus membros tendo sido recrutados, treinados e financiados pelos Estados Unidos e seus aliados o que aqui incluiria a Inglaterra, França, Arábia Saudita, Qatar, Turquia e Jordânia.

Até recentemente o Estado Islâmico tinha sido conhecido como Al-Qaeda no Iraque (AQI). Em 2014 essa veio a ser denominada como Estado Islâmico (Estado Islâmico do Iraque e Síria, Estado Islâmico do Iraque e do Levante).

A Rússia está agora envolvida na Guerra Contra o Terrorismo

Uma grande virada na dinâmica da guerra Síria-Iraque está se desenrolando agora porque a Rússia está ficando diretamente envolvida na campanha do contra-terrorismo em coordenação com os governos da Síria e do Iraque.

Mesmo que Washington tenha reconhecido essa resolução de Moscou ele se põe agora a reclamar que os russos estão perseguindo os “terroristas maneiros” e bem comportados, apoiados por Washington.

Saindo diretamente da “Boca do Cavalo”

De acordo com o Wall Street Journal:

Ataques Aéreos da Rússia na Síria miram CIA-Apoiados Rebeldes, dizem EUA-Oficiais

Uma das áreas atingidas teria sido uma localização ocupada principalmente por rebeldes recebendo fundos, armas e treinamento da CIA e seus aliados.

Um importante dado de informação não mencionado pela reportagem do WSJ é que a CIA está apoiando os terroristas como meio de engatilhar uma “mudança de regime” na Síria, o que implica a condução de operações secretas no território da Síria:

“A agência de espionagem dos EUA tem armado e treinado rebeldes em Síria desde 2013 para lutar contra o regime de Assad” (WSJ, 30 de setembro de 2015, ênfases acrescentadas, nota do autor: o apoio secreto vem sendo dado aos terroristas desde o começo da guerra, em março de 2011)

O acima apresentado é conhecido e bem documentado, mas também um assunto praticamente não tocado pelos principais meios de comunicação.

Al Nusra: Os “ Bons Terroristas ”

Conquanto o Pentágono francamente reconheça agora que a CIA está apoiando grupos afiliados a Al-Qaeda na Síria, incluindo Al Nusra, ele ainda deplora o fato de que a Rússia esteja supostamente perseguindo os “terroristas maneiros”, apoiados por Washington:

Um dos ataques [russos] atingiu uma área principalmente ocupada por rebeldes apoiados pela Agência Central de Inteligência e serviços secretos aliados, disseram oficiais dos EUA, . . .

Entre as sete áreas que a mídia estatal síria apresentou como alvos dos ataques russos, só uma–área, a do leste da cidade de Salamiyah, na província de Hama–tem uma conhecida presença de combatentes. As outras áreas apresentadas são em grande parte dominadas por frações moderadas ou grupos islâmicos como Ahrar al-Sham e a Fronte Nusra, afiliada da Al-Qaeda. (WSJ, 30 de setembro de 2015, ênfases acrescentadas)

Al Nusra é uma organização “jihadista”, afiliada a Al-Qaeda, financiada pelos Estados Unidos, e responsável por inúmeras atrocidades. Desde 2012, AQI e Al Nusra — ambas apoiadas pelos serviços de inteligência dos EUA– estiveram trabalhando, como mãos numa luva, em muitos empreendimentos terroristas na Síria.

O governo da Síria identificou em desenvolvimentos recentes suas próprias áreas de prioridade da campanha aérea do contra-terrorismo, prioridade síria essa que consiste essencialmente em focalizar na Al Nusra. Al Nusra é apresentada, e caracterizada, como a ala terrorista do Exército Livre da Síria (FSA).

Conquanto Washington tenha categorizado Al Nusra como uma organização terrorista (no começo de 2012), ele ainda assim apoia Al Nusra, e seus ditos “rebeldes moderados”, em forma de fornecimento de armas, treino, apoio logístico, recrutamento, etc. Esse ajuda substancial é canalizada não só pelos aliados dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, o que incluiria Qatar e Arábia Saudita, mas também por Turquia e Israel.

É ironico que o Conselho de Segurança da ONU tenha decidido, em maio de 2012, “a pôr  Fronte al-Nusra na Lista Negra como um álias da al-Qaeda no Iraque”, nomeadamente então – ISIL [Estado Islâmico]:

essa decisão iria submeter o grupo a sanções incluindo embargo de armas, proibição de viagens, e congelamento de bens, foi dito então por diplomatas.

A missão dos Estados Unidos para a ONU tinha declarado que nenhum dos 15 membros do conselho tinha levantado qualquer objeção a acrescentar Al-Nusra como um álias da Al-Qaeda no Iraque, na de então quinta-feira.

Al-Nusra, uma das forças mais efetivas lutando contra o Presidente Bashar al-Assad, jurou no mês passado fidelidade ao líder da al-Qaeda Ayman al-Zawahri. (Al Jazeera, May 2012)

A Rússia está agora sendo acusada de atacar uma entidade terrorista que não só está na Lista Negra do Conselho de Segurança da ONU, como também tem vínculos declarados com o grupo Estado Islâmico (EI).

Qual seria o significado dessas acusações?

Conquanto a narrativa midiática reconheça que a Rússia tenha aprovado a campanha de contra-terrorismo, na prática a Rússia está (indiretamente) combatendo a coalisão EUA-OTAN de quando apoiando o governo sírio na luta contra os terroristas, que se apresentam na realidade como os soldados rasos da aliança militar ocidental. O que na prática a Rússia está combatendo são terroristas apoiados pelos Estados Unidos.

A proibida verdade é que através de dar ajuda militar tanto a Síria como ao Iraque a Rússia está (indiretamente) confrontando os Estados Unidos.

Moscou estará apoiando esses dois países em sua guerra por procuração contra ISIL, Estado Islâmico esse, que por sua vez é apoiado pelos Estados Unidos e seus aliados.

Michel Chossudovsky

 

Artigo em inglês : Obama Accuses Russia of Going After America’s “Good Guy Terrorists”, 1/10/15

Artigo em francês : Obama accuse la Russie de s’en prendre aux « bons terroristes », 7/10/15

Traduzido por Anna Malm – https://artigospoliticos.wordpress.com para Mondialisation.ca


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About the author:

Michel Chossudovsky is an award-winning author, Professor of Economics (emeritus) at the University of Ottawa, Founder and Director of the Centre for Research on Globalization (CRG), Montreal, Editor of Global Research. He has taught as visiting professor in Western Europe, Southeast Asia, the Pacific and Latin America. He has served as economic adviser to governments of developing countries and has acted as a consultant for several international organizations. He is the author of 13 books. He is a contributor to the Encyclopaedia Britannica. His writings have been published in more than twenty languages. In 2014, he was awarded the Gold Medal for Merit of the Republic of Serbia for his writings on NATO's war of aggression against Yugoslavia. He can be reached at [email protected]

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