Brasil Glorifica os Iguais, a Estupidez e a Ignorância

Foto dos 3 últimos presidentes do Brasil : Temer, Dilma , Lula

Não ao oportunismo, à polarização, ao sectarismo: defender justiça social e direitos humanos no Brasil, não é nem nunca foi sinônimo de apoiar Luiz Inácio nem o PT, muito pelo contrário! Nos porões do poder, riem da nossa cara: quem se lembra?Hoje PT recusa autocrítica e combate críticas externas, como sempre fez mais que por mentalidade rasa: seu autogolpe impossibilita encontro com a consciência

Diante das grandes crises, nenhuma novidade, as sociedades mais vulneráveis (i.e., deseducadas) tendem a se polarizar facilmente. E isso significa perder a lucidez, o equilíbrio, a autonomia reflexiva e serem levadas por toda a sorte de oportunistas, demagogos, vigaristas os quais, no caso particular do Brasil, sempre abundaram os quais, atualmente, evidenciam-se cabalmente ou, no português mais popular, saem grotesca e desavergonhadamente do armário.

Subproduto disso é o maniqueísmo barato que apregoa, “ou estão ao nosso lado, ou contra nós”, e uma das traduções que pode se fazer desse velho jogo baixo é a sentença de que quem não apoia Luiz Inácio e o PT hoje, não apenas não está a favor de políticas inclusivas como “faz o jogo da direita”.

Crítica & Autocrítica na Mente dos Insensatos

Quando dei início à compra de diploma na faculdade de Jornalismo de péssimo nível na Universidade Metodista de São Paulo, uma das tantas merdadejantes do capelo (chapeuzinho) com o famoso par de orelhas dos iguais, da estupidez e da ignorância, a tal de “esquerda” tupiniquim gozava dos privilégios do poder na pessoa de Luiz Inácio.

À época, tratava-se de grave palavrão toda e qualquer crítica á sociedade brasileira. Doce ironia do destino: as mesmas que fazem enxurradas de críticas neste sentido hoje, especialmente na mídia dita “alternativa” deste País falido, excessivamente cínico, que patrulhava as críticas em nome do partido neo-oligárquico então no poder.

Porém, este autor nunca abriu mão de suas opiniões de acordo com a ocasião: o que diz hoje para a alegria da “esquerda”, dizia à época causando horror até aos “professores” nas apresentações de trabalhinhos universitários. Certas vezes, quando dizia que o Brasil vivia guerra civil inclusive em uma dessas apresentações, olhares pareciam considerar-me terrorista ou um débil-mental. Vale ressaltar: de lá para cá, o quadro tenebroso não mudou muita coisa, a não ser que naquele tempo não tão distante o número de mortes violentas no País do Imponderável era de 45 mil por ano, hoje ultrapassando os 60 mil: só isso! Uma diferença de “apenas” 15 mil cabeças majoritariamente negras, homossexuais e pobres.

Se por 13 anos no poder o PT não tolerou críticas e manifestações populares (tendo sido forte repressor de movimentos e das manifestações públicas desde junho de 2013), logo que assumiu a presidência do partido em junho deste ano, a senadora Gleise Hoffmann afirmou que não é hora de autocrítica para que não sejam dadas armas ao inimigo. Ou seja, nunca é momento de reflexão evidenciando o caráter petista em geral, e a própria mentalidade escravocrata de uma sociedade que tem convivido há séculos sob a imposição de regimes verticalizados, em todos os segmentos da sociedade, do qual o PT, aí está a realidade nua e crua, não se desimpregnou jamais.

A reflexão e, se necessário, a autocrítica são sempre bem-vindas, fortalecendo indivíduos e agrupamentos em uma sociedade transparente, que deseja progredir; especialmente nos momentos mais delicados, de grave crise e incertezas diante do futuro. Enfim, a autocrítica esclarece (o que o Brasil mais necessita neste momento tão conturbado); para mentes sãs e espíritos sinceros, a crítica pode ser construtiva e, ainda, evitar grandes tragédias.

No entanto, depois de tudo, desde maio do ano passado, o PT e seus apoiantes ainda não se deram conta disso, contudo: a ordem petista é acobertar, silenciar e isso nunca mudou no poder ou fora ele, diante das vitórias ou das derrotas eleitorais seguida por determinados setores midiáticos ditos alternativos, que nada mais são que a outra face de uma mesma moeda politiqueira em relação à grande mídia comercial.

Porém, o problema do PT não é apenas de mentalidade, mas sobretudo moral conforme será abordado a seguir, o que explica a impossibilidade de um encontro com a consciência agora.

Os Porquês de Tanta Desolação

Um amigo brasileiro, proeminente historiador e escritor que participou ativa e importantemente dos governos Lula, em conversa particular comigo na semana passada compactuou de minhas amarguras: “Tenho me refugiado como escritor, neste momento estranho que o Brasil atravessa”. Ele se referia, sobretudo, à tal de “esquerda” tupinica, e tal comentário era uma resposta à carência de entusiasmo deste que agora escreve em dissertar para brasileiros em geral, há muito tempo.

“A esquerda brasileira precisa se unir [em torno a mim] neste momento [2016-17, investigado sob risco de ser preso] de perseguição”, tem dito oportunisticamente Luiz Inácio, buscando desesperadamente por aqueles que, em um passado nada remoto, patrulhou e até desmoralizou, publicamente.

É indiscutível e senso mundial o tendencionismo contra Luiz Inácio e o próprio PT por parte da “Justiça” tupiniquim (uma das maiores gozações da Pátria, dos maiores emblemas do falacioso Estado de direito que vivemos a qual, determinado setor, tive o prazer de, recentemente, tachar de safado questionando se não tem nada mais a fazer da vida senão fofocar ao telefone: como pouca desgraça na vida de pobre é sempre uma grande bobagem no Patropi de tantos carnavais, e o pobre nunca tem nada a perder, que vá!).

Por parte da sociedade brasileira em geral, altamente discriminadora em todos os segmentos (mesmo entre as classes menos favorecidas, especialmente no Sul-Sudeste mais branco), é igualmente evidente o preconceito regional contra o ex-presidente e de gênero em relação à Dilma Rousseff.

Outro estigma que deve ser quebrado é que Bolsa FamíliaMinha Casa, Minha Vida e outras migalhas (pela quantidade e qualidade) petistas quebraram o País: investimentos sociais apenas enriquecem qualquer nação, e isto é fato. No caso particular dos governos petistas que iniciaram, sim, a derrocada brasileira levada às últimas consequências por Michel Temer, recorde-se:

“A economia brasileira é uma grande bolha, prestes a estourar; e quando isso ocorrer, o estrago será bem maior do que muitos podem prever”, escreveu este autor em seu Blog no artigo Oito Anos e Meio de PT e Seis por Meia Dúzia no Brasil: Até Quando?, alguns meses depois de Dilma ter tomado posse pela primeira vez, em 2011.

A grande bolha se devia ao fato de que as migalhas transformavam milhões de pobres em consumidores, mas não em cidadãos: não apenas pela falta de investimentos em educação como também por áreas como saúde e saneamento básico terem estado abandonadas, como sempre, tornando efêmeros programas – de baixo valor – como o Bolsa Família.

E mais, o Brasil do PT não investia em industrialização mas apostava na financeirização da economia, e permitia a farra da evasão de divisas conforme justificaria mais tarde este autor, no Observatório da Imprensa, a bolha econômica vivida:

Financeirização da Economia

A presidente Dilma cortou R$ 50 bilhões em investimentos sociais enquanto seguimos campeões mundiais em taxas de juros, estamos entre os 14 países com maior carga tributária, atrás apenas de países europeus, tendo o país crescido quatro posições de 2008 para 2009 segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de dezembro de 2010 – ano em que tal carga atingiu 35,04% do PIB; os oito anos e meio do governo do PT geraram superávit de 4% do PIB, transferindo mais R$ 1,5 trilhão ao setor financeiro, para pagamento de juros da dívida pública estando o Brasil entre os três mais desiguais do planeta segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), com economia cada vez mais de joelhos ao capital especulativo (dados a seguir publicados pelo jornal A Nova Democracia):

“O lucro líquido do banco Bradesco chegou, no primeiro trimestre desse ano, a R$ 2,7 bilhões, montante 28% maior do que apurado no mesmo período de 2010. O banco Santander, por sua vez, obteve um lucro de R$ 2,071 bilhões, 17,5% maior que no primeiro trimestre de 2010. Já o Itaú/Unibanco registrou o lucro líquido de R$ 3,53 bilhões no primeiro trimestre desse ano, o que corresponde a um crescimento de 9,15% comparando com o ano anterior.

“O lucro líquido dos três maiores bancos privados em atividade em nosso país, quando somados ao lucro líquido do Banco do Brasil, que foi de R$ 2,93 bilhões, ultrapassaram os R$ 10 bilhões, marca nunca antes atingida em um período tão curto.”

Remessas de Lucro ao Exterior – No mesmo artigo, outros dados apresentados por A Nova Democracia, sobre bilionárias remessas de lucro ao exterior: “As matrizes das indústrias automobilísticas instaladas no Brasil receberam remessas superiores a US$ 2,2 bilhões no primeiro quadrimestre de 2011. Esse valor representa um aumento de 238% comparando com o mesmo período de 2010.

Segundo dados do Banco Central, o valor enviado pelas empresas automobilísticas corresponde a mais de um quarto, ou seja, 26,2%, de todas as remessas de US$ 8,5 bilhões feitas por empresas estrangeiras instaladas no Brasil nesse período.

“Apesar dessas altas cifras remetidas para as matrizes estrangeiras, o grosso dos investimentos anunciados pelo setor é bancado por recursos nacionais, como os US$ 8,7 bilhões de dólares (aproximadamente, 16,3 bilhões de reais) concedidos pelo BNDES a estas montadoras no período 2008-2010.”

“Ainda sobre juros da dívida pública, nos últimos 12 meses custou R$ 213,9 bilhões ao Brasil, para o que o Estado cortou gastos e reservou R$ 119,6 bilhões do total da receita de impostos. O valor não pago, R$ 94,3 bilhões, foi acrescido ao saldo da dívida, que não para de aumentar. O programa Bolsa Família, que beneficia 53 bilhões de brasileiros com média de R$ 155,00 por família, custando ao Estado R$ 17 bilhões, poderia ser multiplicado por 12 vezes e meia e acrescido a R$ 1.400,00 por família com o montante do juro da dívida pública pago nesses 12 meses (fonte: Carta Maior).”

“Vale observar ainda ainda que o governo federal sob Lula e agora, durante o mandato de Dilma Rousseff, tem sido completamente nulo no que diz respeito à reforma agrária e ao fortalecimento dos movimentos sociais, contrariando o programa de governo do partido, bem como toda suas propostas histórias, hoje jogadas à retórica quase que por completo.”

Portanto, o que quebrou o Brasil foi a financeirização da economia somada à indecente evasão de divisas.

Autogolpe

Tampouco era preciso ter comprado diploma de Cientista Político nem ser profeta para saber que isto ocorreria, segundo este autor no Observatório da Imprensa nos idos de 2012, quando a então presidente Dilma gozava de altos índices de popularidade:

“O PMDB trata de tentar aturar o PT hoje por conveniência – e, nenhuma descoberta no campo da ciência política, na primeira oportunidade arrematarão o pé nos fundilhos do PT, e se estiverem de muito bom humor sem dar tiros a todos os lados, o que é improvável que aconteça. Isso deve acontecer na eleição de 2014, mas pode ser adiado de acordo com as costuras partidárias que se deem até lá.”

E o autor continuou, único no País a notar isto talvez pelos deslumbres petistas e de seus puxa-sacos com o poder: que se algo ocorresse com a então presidente Dilma no meio do caminho, o PT estava nos indicando a tétrica figura de Michel Temer para a Presidência: o PT que sempre se justificou das obscenas alianças, agora reclama do substituto de Dilma, por mais golpista que seja e nunca foi novidade a ninguém seu (péssimo) caráter?

Para quem ainda não compreendeu: cada vez que se foge do caso do golpe parlamentar em si para criticar (com toda a razão) a péssima índole do atual presidente da República, se está fazendo a mea culpa para as alianças irrestritas e imorais que, direta e publicamente, o PT e seus apoiantes sempre se recusaram fazer. Lembre-se também que quem criticava – e pior, até hoje! – quem critica as alianças indecentes do PT é duramente tachado de ingênuo, radical, utra-qualquer coisa, até reacionário e por aí vai…

Naquela mesma época, o Brasil era mais uma vez reprovado pelos órgãos internacionais de direitos humanos: em seu Informe Anual’ 2012, a Anistia Internacional havia condenado diversas questões em que o Estado brasileiro feria os direitos humanos, inclusive as medidas da presidente Dilma Rousseff que favoreciam o extermínio contra os indígenas. A política de cotas nas universidades (medida temporária louvável), perante esta cruel realidade era mais uma das tantas e grandes hipocrisias governamentais dos petistas.

Portanto, se hoje a sociedade brasileira continua sem consciência política, sem senso cidadão e sem capacidade de luta e reação como sempre foi, se o PT e o Brasil não possuem um povo capaz de reagir à ofensiva das elites e do capita estrangeiro, o PT que reprimiu uns e cooptou outros movimentos sociais não tem do que reclamar agora.

No caso do Mensalão, pelo qual José Dirceu acusou Luiz Inácio e Dilma de covardes por não assumirem posição diante de sua condenação, o ex-presidente disse: “Não vou falar por uma questão de respeito ao Poder Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou esperar os embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é correto, não é prudente que um ex-presidente fique dizendo, ‘Ah, gostei de tal votação’, ‘Tal juiz é bom’. Não vou fazer juízo de valor das pessoas. Quando terminar a votação, quando não tiver mais recursos vou dizer para você o que é que eu penso do Mensalão”. Quando sentiu a água bater no bumbum de cerca de um ano para cá, perdeu o respeito e mudou facilmente de posição, de novo.

Diversos telegramas secretos enviados da “Embaixada” (centro de espionagem) norte-americana em Brasília liberados por WikiLeaks revelam encontros nunca trazidos ás claras por petistas em território norte-americano na capital federal brasileira, especialmente de José Dirceu com o pires na mão a fim de, obedientemente, prestar contas aos oficiais dos Estados Unidos, assegurando que seus interesses estavam assegurados e continuariam sendo garantidos em solo tupiniquim. Certamente, Che Guevara percebeu seu sangue, no minimo, futilizado através dos delivery do ex-ministro José Dirceu em território estadunidense em Brasília. Bom, como eles mesmos se denominam: são os da “esquerda moderada”, moderna, não é? Pois é…

Acima de todas as controvérsias que se possa criar sobre teorias políticas (o que nossa “esquerda” mais sabe fazer, discutir trancafiada teorias), Luiz Inácio que hoje busca se safar da armadilha oligárquica que outrora o deslumbrou em cima de rótulos, não poupou estigmas jocosos a essa mesma “esquerda” brasileira.

Sobre a grande mídia que agora Luiz Inácio e sua ala demonizam (com toda a razão), vale recordar a emotiva frase do mesmo: “Aí se vai [Roberto Marinho] um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial”. Pois tanto Luiz Inácio quanto Dilma sempre evidenciaram, em espécie, seu apreço pelo “doutor” Roberto Marinho:

“O patrocínio petista à mesma mídia contra quem oportunisticamente esperneia hoje, a revista Carta Capital relatou em Publicidade Federal: Globo Recebeu R$ 6,2 Bilhões dos Governos Lula e Dilma, que ‘entre os jornais, O Globo foi o que mais recebeu verbas; a revista Veja recebeu mais de R$ 700 milhões no período. (…) Lula e Dilma investiram um total de R$ 13,9 bilhões para fazer propaganda em todas as TVs do país’.

“E pontuou ainda: ‘A parte destinada somente às emissoras da Rede Globo representa quase metade desse total. Apesar disso, a porcentagem destinada à Globo tem sido reduzida. Ao final do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, as emissoras globais detinham 49% das verbas estatais destinadas à propagada em TV aberta, chegaram a 59% durante o governo Lula e, no ano passado, a Globo ainda liderava com R$ 453,5 milhões investidos, mas do total, o valor representa 36%'”.

É também de Luiz Inácio esta filosofada nada progressista, igualmente bem distante do discurso de hoje:”Passado é passado [esqueçamos tudo]”, sobre ditadura militar e revogação da Lei de Anistia. Não bastasse isso, o ex-presidente “do povo” apoiou José Sarney, ex-presidente do partido da ditadura, para a Presidência do Senado. Em cabo secreto emitido pela “diplomata” (espiã) norte-americana no Brasil Donna Jean Hrinak, em 1º de abril de 2004 liberado por WikiLeaks em que Luiz Inácio simplesmente enaltece, nos bastidores da política, a ditadura militar no Brasil.

Neste vídeo, antes de se tornar presidente Luiz Inácio critica a posição da esquerda brasileira sobre o regime militar, enaltecendo este.

Tudo isso não nos faz lembrar a velha frase do “feitiço que se vira contra o feiticeiro”, ou “provando do próprio veneno” hoje?

E mais: comparando com setores progressistas de países vizinhos, essa nossa “esquerda” é de, no mínimo, ruborizar a face de qualquer cidadão decente, com liberdade de consciência, com o mínimo de seriedade e vergonha na cara. Relances da atualidade para quem tem alguma dúvida: mais de cem ex-ditadores condenados ou em julgamento na Argentina (Rafael Videla morreu em cela comum, condenado à prisão perpétua na Argentina), e quem garante Nicolás Maduro na Presidência venezuelana é o povo mobilizado nas ruas não fazendo esses esporádicos e efêmeros piqueniques de rua do Brasil de hoje e sempre, mas entregando a alma pacificamente à causa que defendem.

Em campanha presidencial, julho de 2006, o então presidente e candidato à reeleição proferia este veredito:

“Nunca fui de esquerda.”

Sobre esta afirmação que reinou no cinismo, o jornalista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, pareceu morreu de rir (quem vai condená-lo por isso?) ao escrever que Emir Sader deveria, então, estar chorando. Até Azevedo viria a se mostrar ingênuo ao acreditar em determinados setores de nossa “esquerda” (!), pois oito anos mais tarde, às vésperas da abertura da Copa do Mundo, Emir Sader, porta-voz do PT, simplesmente qualificaria ativistas do Movimento dos Trabalhadores sem-Teto de cães vira-lata por protestarem contra a remoção de famílias para as obras do evento esportivo. Detalhe: o prefeito da cidade era, então, Fernando Haddad, exatamente do PT. Não dá para desconfiar que, no frigir dos ovos tupiniquins, essa turma travestida de esquerda é a maior adversária do povo brasileiro? Reacionários esses patéticos “companheiros”, quando seus interesses político-partidários estão em questão, não?

Mas a célebre frase viria mesmo durante a ressaca da vitória eleitoral, em dezembro daquele ano. Aos apreciadores de teorias políticas, aqui vai:

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrancou, na noite desta segunda-feira, risos e aplausos de uma platéia formada por empresários e intelectuais ao, de certa forma, desmerecer a esquerda brasileira. Segundo ele, trata-se de uma ideologia típica da juventude.

“‘Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema’ [risos e aplausos]. ‘Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema’, afirmou o presidente depois de receber o prêmio ‘Brasileiro do Ano’ da revista IstoÉ.

“Lula explicou que, em sua opinião, as pessoas responsáveis tendem a, conforme amadurecem, abrir mão de suas convicções radicais para alcançar uma confluência. Tal fenômeno ele classificou de ‘evolução da espécie humana’.

“‘Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, e quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata, menos à esquerda. As coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos, e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito'”.

Baseada nesta mentalidade reacionária manifestada em práticas políticas e econômicas, a liderança petista expulsou militantes do mais eleado gabarito mora e intelectual de seu quadro no início de seu governo federal, tais como Heloísa Helena, João Batista “Babá” Oliveira de Araújo e Luciana Genro. E agora espera que, porque houve uma volta atrás apenas retórica com base em rótulo, “somos de esquerda”, as mentalidades progressistas nacionais girem em torno de Luiz Inácio? Nada mais patético, imoral.

Alternativa Popular É a Solução

Esta pergunta dirige-se a cidadãos que, como este autor, contam moedas para pagar as contas no final do mês, cujos filhos padecem do sistema público de saúde neste País falido: venderemos ao capeta do sectarismo politiqueiro mais baixo nossa consciência, nossa dignidade, nossa alma?

Não! Ser adepto de políticas sociais e de direitos humanos não significa nem jamais significou apoiar Luiz Inácio nem o PT! E quem declara isso não está favorecendo os setores reacionários que foram bajulados por este, quando gozava dos privilégios do poder. Cidadão brasileiro, não entre nesse engodo – o recente abraço fraternal de Luiz Inácio no golpista e entreguista Michel Temer em pleno velório de dona Marisa Letícia, com um “conte comigo” em consonância com as alianças petistas atuais com peemedebistas Brasil afora, são o mais recente sinal de que seremos, de novo, os otários da vez se o PT retornar ao poder.

O Brasil carece de uma alternativa autenticamente progressista, chegue ela ao poder ou não. O projeto do PT, aliás, nada mais é que chegar ao poder, evidenciado nas próprias entrevistas de Luiz Inácio e Dilma: outro sinal de que nada mudou. E se o brasileiro não despertar mas seguir vítima de retóricas vazias, será novamente vítima do velho seis por meia dúzia, caçoado sem piedade nos encontros dos velhos oligarcas com seus neocapachos.

Se entre viver de joelhos ou morrer de pé o PT optou por morrer de joelhos, que se refunde (e que Luiz Inácio, particularmente, tenha boa sorte em provar que de torneiro mecânico aposentado acabou milionário com toda a família, da noite para o dia trabalhando honestamente), pois passou da hora de um verdadeiro governo popular no Brasil que substitua essa precária democracia formal pela democracia participativa, alterando com isso as relações de poder promíscuas que imperam no Brasil de hoje e sempre, pontos que o neo-oligárquico PT, deslumbrado com o poder como era previsível que ocorresse, do início ao fim se recusou a colocar em prática a fim de usurpar o poder.

Edu Montesanti

www.edumontesanti.skyrock.com


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