“Banco ‘Nación’ Foi O Braço Financeiro Da Ditadura Argentina”

Apresentou-se o livro que investiga o papel do banco público durante o terrorismo de Estado

Autor: Julián Athos Caggiano / Tradutor: Edu Montesanti / Fonte: Espacio Memoria Data: 11.10.2016

 

“O Banco Nación foi o braço financeiro das forças repressivas da última ditadura”, resumiram Juan Santarcángelo e Andrés Wainer durante a apresentação do livro “El Banco de la Nación Argentina y la dictadura: el impacto de las transformaciones económicas y financieras en la política crediticia (1976-1983)” realizada no dia 11 de outubro na Casa por la Identidad de Abuelas de Plaza de Mayo. Publicada por Siglo XXI Editores, a investigação esteve sob responsabilidade de Eduardo Basualdo, Cintia Russo, Guido Perrone, Santarcángelo e Wainer.

Estiveram presentes o deputado nacional Axel Kicillof e a presidenta de Abuelas, Estela de Carlotto. A mesa foi moderada pelo diretor da Casa por la Identidad, o neto restituído Manuel Gonçalves Granada, filho de Gastón Gonçalves, trabalhador do banco e desaparecido pelo terrorismo de Estado.

“A ditadura submeteu a Argentina a um papel subordinado das grandes potências, e converteu o país em uma engrenagem da rentabilidade financeira, por meio da destruição do capital local e a super-exploração da classe trabalhadora. Um modelo que não podia instalar-se sem repressão, já que despojou de direitos econômicos a toda a população”, disse Kicillof.

O ex-ministro da Economia da Nação elogiou o livro “porque permite aprender como se implementou esse modelo de valorização financeira e o neoliberalismo na Argentina, como também é uma ferramenta para realizar um balanço destes doze anos de governos nacionais, populares e democráticos”. Além disso, afirmou que uma descoberta essencial da investigação passa pelos empréstimos que o Banco fez aos comandos em chefe das três forças. E destacou a análise sobre a conformação do diretório do Banco co, representantes das principais corporações econômicas, e ressaltou: “A ditadura foi uma CEOcracia”.

Estela Carlotto disse que “o livro nos ensina que há uma história que não devemos esquecer, e ajuda no avanço dos julgamentos de lesa humanidade que hoje estão tentando banalizar”. Também expressou: “O que conta esta investigação é atual. O que as Abuelas queremos, é que esta história não se repita”.

Santarcángelo destacou que o livro surgiu com um pedido da Fundación Banco Nación em 2014, e que teve como objetivo investigar o papel do Banco, de sua política creditícia e da conformação empresária do diretório durante a última ditadura. Nessa linha, explicou que com o modelo implementado desde 1976 “a economia real ficou subordinada ao setor financeiro”. Entre os pontos fundamentais da reforma executada pela ditadura, enfatizou a limitação dos mecanismos de financiamento da indústria; o fim da nacionalização dos depósitos; a livre flutuação da taxa de juros; a “desregulação” do sistema bancário; e a habilitação para contrair dívida no exterior.

O economista e investigador do Conicet e da Universidade de Quilmes pontuou que estas medidas tiveram grande impacto no Banco Nación, cujo papel creditício a nível nacional caiu 50% durante o período ditatorial; e investiu-se na porcentagem dos empréstimos do mercado interno, que representavam 80% em 1975 e caíram a apenas 20% em 1983. Também manifestou que houve uma mudança no plano institucional, já que se militarizou a estrutura do Banco e houve dezenas de trabalhadores da entidade detidos, desaparecidos pelo terrorismo de Estado.

Por sua vez, Wainer expressou que sob a ditadura reduziu-se o papel das entidades públicas no setor financeiro, ao mesmo tempo que se produziu uma expansão dos bancos estrangeiros. “O paradoxal foi que, a pesar desta redução do papel no sistema local, o Banco Nación incrementou os créditos em dólares brindados pelas sucursais no exterior”, indicou. Nesse sentido, relatou que a sede aberta no Panamá chegou a concentrar 20% desses créditos. “O Banco desempenhou um duplo papel: forneceu dólares para sustentar a valorização financeira; e, então, foi o braço financeiro da ditadura”, concluiu o investigador do Conicet e da Área de Economia e Tecnologea da FLACSO.

Edu Montesanti

 


Articles by: Edu Montesanti

Disclaimer: The contents of this article are of sole responsibility of the author(s). The Centre for Research on Globalization will not be responsible for any inaccurate or incorrect statement in this article. The Centre of Research on Globalization grants permission to cross-post Global Research articles on community internet sites as long the source and copyright are acknowledged together with a hyperlink to the original Global Research article. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: [email protected]

www.globalresearch.ca contains copyrighted material the use of which has not always been specifically authorized by the copyright owner. We are making such material available to our readers under the provisions of "fair use" in an effort to advance a better understanding of political, economic and social issues. The material on this site is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving it for research and educational purposes. If you wish to use copyrighted material for purposes other than "fair use" you must request permission from the copyright owner.

For media inquiries: [email protected]