A divulgação de uma chamada telefônica a respeito da Ukraina revela o banditismo de Washington

A mídia americana mostrou uma remarcável falta de interesse pela gravação da chamada telefônica entre Victoria Nyland, a responsável de alto nível da Secretaria do Estado dos Estados Unidos encarregada dos assuntos europeus e da eurásia e o embaixador americano na Ukraina, e Geoffrey Pyatt, a qual foi colocada no YouTube levantando, desde a quinta-feira passada,uma grande polêmica internacional.

A cobertura midiática do assunto foi feita  essencialmente por causa do uso da expressão muito pouco diplomática de « Fuck the EU » [ a UE que se foda] no que dizia  respeito então a  atitude de Washington, quanto ao papel dos seus parceiros europeus na crise da Ukraina já a mais de três mêses. A outra apresentação que a mídia esteve desenvolvendo foi a de loialmente apresentar a tentativa do Departamento do Estado de minimizar a controvérsia. A mídia então entendeu por qualificar a divulgação pública de uma conversa particular como sendo um « novo recorde de baixeza atingido pelos russos. »

O governo russo negou peremptóriamente as acusações americanas de acordo com as quais Moscou seria o responsável pela divulgação. Essa acusação seria em todo caso muito impertinente em vindo de um governo que foi desmascarado por espionar as conversas telefônicas de centenas de milhões de pessoas, nos Estados Unidos assim como por todo o mundo.

O significado político real da conversa telefônica entre Nyland e Pyatt se deixou em grande parte as escuras ou sem ser sequer mencionado. Isso não seria por acaso, uma vez que essa conversa telefônica revelava de maneira devastante o carácter criminoso e imperialista da política americana praticada na Ukraina a qual fez cair por terra todas as pretenções « democráticas » do governo de Obama.

No seu discurso do Estado da União, no mês passado, Obama declarou que : « Na Ukraina nós mantemos o princípio de que qualquer um tem o direito de se exprimir livre e pacificamente assim como o de ter o que dizer quanto ao futuro do seu país.»

Entretanto, o que a gravação mostrou claramente é que Washington usa métodos de banditismo, e isso internacionalmente, o que inclui então também a violência, nesse político golpe de estado na Ukraina, tendo em vista o colocar no lugar do constituido e eleito, um regime que seja totalmente subordinado aos interesses geoestratégicos dos Estados Unidos. Essa operação está ttão  longe da democracia como estiveram os golpes de estado orquestrados pelos Estados Unidos no Chile e na Argentina, há já quarenta anos.

O objetivo dos esforços dos Estados Unidos é o de fazer passar o poder político para as mãos de uns quantos oligarcas ucranianos, alinhados com o ocidente. Esses oligarcas  foram enriquecidos graças a apropriação privada, ou seja, ao roubo dos bens públicos de quando do cenário da dissolução da União Soviética em 1991, pela burocracia estalinista. Isso os Estados Unidos, e seu séquito, o fazem tendo em mente o transformar a Ukraina em uma frente de ataque, mesmo na fronteira com a Rússia. Eles querem também dividir o território da Ukraina em pequenas entidades então reduzidas a uma condição neocolonial. Isso faz parte integrante da determinação de estabelecer uma dominância americana, sobre todo o estratégico continente da Eurásia.

A conversa entre Nyland e Pyatt se faz a volta dos detalhes práticos desse projeto. Isso consistiria então em atiçar os sentimentos anti-russos do nacionalismo ucraniano, e de ajudar as forças políticas de direita, que servem de impedimento e barreira contra o governo de Victor Ianukovitch. O desenvolvimento do presidente ucraniano, Ianukovitch, em favor de um acordo com a Rússia em vez de uma integração com a União Européia foi a estubina que pôs em fogo a atual campanha que tem em vista uma mudança de regime, ou seja um golpe de estado.

Nyland deu as provas de que, nas culissas, Washington está a caminho de ditar quais dos dirigentes da oposição – apresentados como « os tres maiores  » – que deverão entrar na constituição de um almejado novo governo. Um novo governo então que se alinhasse atrás de Washington. Nyland especificou então os papéis.  Arseny Iatseniuk, do partido Pátria, o qual foi Ministro da Economia e dos Negócios Estrangeiros, no governo tristemente célebre por ter sido levado ao poder pela chamada Revolução Orange, ou seja cor-de-laranja, orquestrada por Washington em 2004, foi caracterizada pela assistente Nyland como « o homem que tem experiência dos negócios de economia, assim também como experiência de governo.»

Nyland propôs que os dois outros dirigentes da direita deveriam influenciar os protestos contra Ianukovitch. O ex-boxeador Vitali Klitschko, chefe da Aliança ukraniana democrática para a reforma, UDAR, o que significa « golpe, ou murro, e Oleg Tyagnibok, chefe do partido neofascista Svoboda, significando liberdade, deveriam ficar « em contacto» assim como continuando a atiçar as multidões. Iatseniuk, ela completou, « terá de lhes falar quatro vezes por semana. »

O embaixador e ela falam dessas duas pessoas chamando-os de « Yats e Klitsch », realmente dois tipos de nomes que normalmente se reservam para pudels.

Durante sua última visita a Kiev, na Ukaina, que coincidiu com a divulgação da conversa telefônica, Nyland se reencontrou e esteve publicamente em cartaz com os três dirigentes da oposição, mencionados na conversação registrada – « Yats, Klitsch » e o homem que está a caminho de fazer o papel principal na organização das manifestações violentas da Praça Maidan, o líder da Svoboda, liberdade, o líder Tyagnibok.

Tyagnibok foi objecto de uma interdição de entrada nos Estados Unidos no ano passado por causa de um seu virulento discurso antisemita onde esse felicitava os seus partidários por terem intimidado a « máfia judeo-moscovita que dirigia a Ukraina » cantando louvores aos fascistas ucranianos da Segunda Guerra mundial, por terem lutado contra os « youpins » russos e alemães « e outros bandos ». Entretanto, isso como se vê não teria dado a Nyland motivos para contenção.

Em dezembro de 2013, durante sua precedente visita na Ukraina, Nyland que é neta de imigrantes judeos na América, o que fizeram para escapar as perseguições, pogroms da Rússia tzarista, deu um espetáculo excepcionalmente revoltante em oferecendo, na Praça Maidan, biscoitos e bolachas aos robustos e enérgicos da Svoboda, que ainda veneram as mortes em massa causadas pela SS de Hitler.

Nyland esteve na política exterior americana  desde os crimes comitidos pela administração de Bush até a intensificação desses crimes por Obama. Ela ocupou as funções de conselheira principal da política exterior de Dick Cheney, logo de quando o então vice presidente Cheney começou com suas lançadas da política de guerras agressivas, da reinstituição da tortura praticada no estrangeiro, assim também como na introdução de um estado-policial, na política doméstica dos Estados Unidos.

O seu marido, Robert Cagan, especializado na política exterior de direita foi o presidente fundador do Projeto para o Novo Século Americano (Projeto for a New American Century), o grupo de reflexão neoconservativo de Washington, que fez o papel chave na preparação política e ideológica das guerras contra o Iraque e Afeganistão.

Hoje em dia ela promete uma política similar, mesmo já  nas fronteiras da Rússia, a qual tem armas nucleares. As tensões que essa engendrou se refletem no remarque « Fuck the EU. » Nos esforços desenvolvidos para o alcance de seus interesses geopolíticos, Washington manifesta uma crescente impaciência com a recusa da Alemanha, vindo a meses, de entrar numa confrontaçäo frontal com Moscou.

Essa é a política agressiva do imperialismo americano que é apoiada por elementos de pseudo-esquerda, que engolem totalmente os gritos de guerra dos slogans democráticos e humanitários que o charlatão postmodernista Slavoj Zizek da ISO – a Organização Socialista Internacional – l´International Socialist Organization, o qual conseguiu publicar um longo relatório sobre os acontecimentos na Ukraina sem mencionar, uma única vez, as maquinações de Washington.

Essa política incendiária de Washington constitui uma ameaça de guerra civil na Ukraina assim como aumenta o perigo de uma conflagração mundial. A classe trabalhadora ucraniana é incapaz de conseguir se desembaraçar por si mesma dessa crise, ficando na tutela ou de Janukovitch ou dos seus adversários de direita os quais representam facções oligárquicas rivais, mas que estão de acordo em abaixar, e de muito, o nível de vida assim como os direitos adquiridos dos trabalhadores. Os trabalhadores não encontrarão nenhum caminho para ir adiante que não seja o de eles mesmos construirem seu próprio independente movimento de massas e socialista, implacavelmente oposto ao imperialismo, determinados a unir suas lutas com as dos trabalhadores da Rússia, da Europa e do resto do mundo.

Bill Van Auken

 

Artigo original, , WSWS, de 10 de fevereiro de 2014

Tradução Anna Malm –  http://artigospoliticos.wordpress.com


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